08/12/2021

Cérebro decide conflitos em favor da socialização, não do egoísmo

Redação do Diário da Saúde
Supressão do córtex resolve conflito em favor da pró-socialidade, não do egoísmo
Será que a nossa bondade e nosso altruísmo estão mesmo em nosso cérebro?[Imagem: HSE University]

Egoísmo versus altruísmo

Psicólogos descobriram que, se a excitabilidade cortical for suprimida, o conflito entre o interesse próprio (egoísmo) e as motivações pró-sociais (altruísmo) é resolvido em favor destas últimas - mas apenas nos casos em que esse conflito está realmente presente.

Um darwinismo exacerbado fez com que a comunidade científica ignorasse largamente a existência da motivação pró-social dos humanos.

A maioria das teorias do comportamento econômico, por exemplo, ignora totalmente esse fator: Acredita-se que as pessoas persigam interesses exclusivamente egoístas, que buscam apenas o lucro e que não estão interessadas em tomar decisões que sejam benéficas para os outros.

Se o bom senso não é suficiente, a pesquisa neurocientífica comprova que não é assim que funciona. Por exemplo, ao interagir com um estranho, mesmo olhando puramente o aspecto econômico, é mais lucrativo para um indivíduo alocar recursos da maneira que lhe permita ganhar o máximo possível, e isso pode envolver o pensar nos outros.

Na realidade, além do alcance das teorias científicas, as pessoas são mais propensas a compartilhar, mesmo quando não há punição para seu egoísmo. É assim que funciona o nosso desejo de cooperação e justiça, por exemplo, que provavelmente é inato.

Jogo do Ditador e Jogo da Generosidade

Os pesquisadores já documentaram que o córtex pré-frontal dorsolateral direito está envolvido na escolha entre o interesse próprio e a motivação pró-social.

Mas ainda não está totalmente claro qual comportamento exato é desencadeado pela ativação dessa área. Em alguns estudos, a supressão da atividade da região levou a um comportamento pró-social, enquanto em outros resultou em uma busca ativa de interesses egoístas. E, em outros casos, não produziu efeito algum.

A fim de especificar o papel do córtex pré-frontal dorsolateral em tais situações, pesquisadores da Universidade de Pesquisas Econômicas da Rússia realizaram um experimento usando estimulação magnética transcraniana (TMS), que suprime a excitabilidade da área estimulada do cérebro.

Um total de 46 participantes, com idades entre 18 e 27 anos, foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo recebeu estimulação do córtex pré-frontal dorsolateral por 5-7 minutos, enquanto o segundo grupo recebeu estimulação das áreas do cérebro responsáveis pela percepção visual. Os participantes então jogaram dois jogos econômicos consecutivos - um "jogo do ditador" e um "jogo da generosidade".

No jogo do ditador, um participante que faz o papel do ditador divide uma certa quantidade de recursos entre ele e um parceiro. O parceiro só é capaz de aceitar a oferta do ditador. No jogo da generosidade, um participante também decide quanto dar ao parceiro. No entanto, a quantidade de recursos que eles obtêm é fixa e não depende da partilha do outro jogador.

Conflito explícito

Os pesquisadores descobriram que suprimir a excitabilidade do córtex pré-frontal dorsolateral fez os participantes do jogo do ditador darem mais ao seu parceiro em comparação com aqueles cujo córtex visual foi estimulado.

Esse efeito não foi observado no jogo da generosidade: Os participantes compartilhavam aproximadamente da mesma maneira, independentemente do tipo de estimulação.

"Esses resultados podem provar que o córtex pré-frontal dorsolateral está envolvido apenas se o participante vivenciar um conflito entre o interesse próprio e a motivação pró-social, enquanto sua supressão leva à resolução desse conflito em favor dos interesses de outras pessoas. É por isso que o estímulo dessa área afeta o comportamento apenas quando o jogo motiva o conflito," interpretou a professora Oksana Zinchenko. "No jogo da generosidade, não havia conflito entre o interesse próprio e a motivação pró-social, já que o lucro pessoal do participante não dependia da generosidade para com o parceiro. No jogo do ditador, esse conflito é mais aparente."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  https://diariodasaude.com.br/print.php?article=cerebro-resolve-conflitos-favor-socialidazacao-nao-egoismo

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