29/03/2011

Bisfenol A afeta desenvolvimento do ouvido durante gestação

Redação do Diário da Saúde

Efeitos do bisfenol na gravidez

O Bisfenol-A, presente em embalagens plásticas e até em mamadeiras, tem efeitos já bem-documentados sobre a reprodução e o desenvolvimento infantil.

Isto está levando que, aos poucos, o bisfenol seja banido do contato com alimentos.

Agora, um estudo realizado na França revelou que o material induz anomalias no ouvido interno de embriões de vertebrados, um efeito até agora desconhecido e que pode ter influência negativa sobre o feto durante a gravidez.

O estudo, liderado por Vincent Laudet, da Universidade de Lion, foi publicado na revista BMC Developmental Biology.

Perigos do bisfenol A (BPA)

O bisfenol A, ou BPA, é um composto químico sintético amplamente utilizado na fabricação de embalagens industriais, como garrafas plástico de policarbonato e outros objetos de uso cotidiano, como CDs, óculos, garrafas de plástico e algumas mamadeiras.

O material também é empregado em resinas epóxi utilizadas no revestimento interno de latas estanhadas para armazenamento de alimentos e em amálgamas dentários.

Contudo, o BPA pode alterar o equilíbrio hormonal dos vertebrados interagindo diretamente com os receptores hormonais ou com as enzimas que asseguram o metabolismo desses hormônios: o bisfenol A é um disruptor endócrino.

De fato, o BPA é capaz de se ligar aos receptores de estrogênio, o hormônio sexual feminino, e imitar sua ação no organismo.

Por esta razão, o bisfenol A é agora classificado como uma "reprotoxina categoria 3" - em outras palavras, como uma "substância que causa preocupação para a fertilidade humana", devido aos "possíveis efeitos tóxicos" na reprodução.

Bisfenol na formação do feto

Os resultados mostram, pela primeira vez, a sensibilidade do ouvido interno dos vertebrados ao bisfenol A.

O estudo demonstra que os efeitos deste composto químico sobre o desenvolvimento embrionário dos animais, incluindo mamíferos, precisam ser explorados com maior profundidade.

Até agora, a maioria dos estudos realizados para caracterizar e avaliar os efeitos do bisfenol sobre o corpo humano têm-se centrado na função reprodutiva e no desenvolvimento do cérebro.

Os pesquisadores franceses, por outro lado, centraram-se sobre o efeito deste composto no desenvolvimento embrionário.

Equilíbrio e audição

Os resultados foram surpreendentes, para dizer o mínimo: após a exposição ao BPA, a maioria dos embriões desenvolveu anormalidades dos otólitos, as pequenas estruturas do ouvido interno que controlam o equilíbrio e desempenham um papel importante na audição.

Agregados de otólitos se formaram em 60% dos embriões. Outras alterações menos frequentes do ouvido interno também foram observadas.

Acima de uma concentração de 15 mg/L, todos os animais desenvolveram anomalias - no entanto, esta dose corresponde a uma exposição muito aguda, muito superior à exposição a que os seres humanos estão propensos hoje.

Efeitos do bisfenol A

Além disso, os pesquisadores observaram que as anomalias persistiram mesmo quando os receptores de estrogênio - os alvos convencionais do bisfenol A - foram bloqueados, o que implica que o BPA pode se ligar a um outro receptor.

Este novo efeito agora descoberto pode ser completamente independente dos receptores de estrogênio.

Este trabalho demonstra claramente que, além de seus efeitos tóxicos para a reprodução, o bisfenol A em doses muito altas também tem um efeito sobre o desenvolvimento embrionário.

A pesquisa também mostra que este composto tem mais alvos do que se pensava anteriormente.

Finalmente, o estudo abre novas vias de investigação para caracterizar a forma como o bisfenol A funciona, bem como para avaliar corretamente os seus efeitos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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