26/11/2021

As pessoas amam os bilionários, mas odeiam o clube dos bilionários

Redação do Diário da Saúde

Um bilionário versus muitos bilionários

As pessoas podem respeitar e admirar como os bilionários ganham seus bilhões, mas as mesmas pessoas se enfurecem quando se fala não de pessoas bilionárias individualmente, mas do "1% mais rico" como um grupo.

Em oito experimentos feitos para abordar esse tema de diferentes pontos de vista, as pessoas tenderam a ter menos problemas em ouvir sobre a extrema riqueza de uma pessoa rica em particular, mesmo que achassem injusto que bilionários em geral controlassem tanta riqueza - no Brasil, o 1% mais rico detém cerca de 50% de toda a riqueza do país.

"Quando há esse grupo de pessoas no topo, achamos isso injusto e nos perguntamos como a sorte ou o sistema econômico podem ter influenciado a forma como eles ganharam todo o dinheiro," comentou o professor Jesse Walker, da Universidade Estadual de Ohio (EUA). "Mas, quando olhamos para uma pessoa no topo, tendemos a pensar que essa pessoa é talentosa e trabalhadora e merece todo o dinheiro que ganhou."

E essa diferença pode ter implicações na vida real: As pessoas são mais propensas a apoiar a aplicação de impostos sobre a riqueza dos super-ricos quando pensam em um grupo como o 1% do topo, mas menos propensas a apoiar esses impostos quando pensam em uma pessoa rica específica.

Assim, a maneira como os ricos são retratados e elogiados na sociedade e na mídia desempenha um grande papel em como as pessoas aceitam a desigualdade econômica, disse Walker.

"Esse cara é bom, mas essa turma é péssima"

Em um experimento, os participantes viam uma capa da revista Forbes, uma das mais famosas sobre economia nos EUA.

Metade dos voluntários viu uma capa adaptada de uma edição que destacou as pessoas mais ricas do mundo. A capa foi editada para remover cinco bilionários com os quais a maioria das pessoas estava familiarizada, a fim de eliminar qualquer preconceito positivo ou negativo que as pessoas pudessem ter em relação a eles. A capa editada mostrava apenas sete bilionários sobre os quais a maioria das pessoas nada sabia ou sobre os quais não se preocupava.

As pessoas amam os bilionários, mas odeiam o clube dos bilionários
Não importa se é justo - desde que você ganhe?
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

A outra metade dos voluntários viu uma capa com apenas um dos sete bilionários.

Depois de ler uma breve descrição da pessoa ou pessoas na capa, foi pedido aos participantes que eles escrevessem algumas frases transmitindo como se sentiam sobre a pessoa ou grupo de pessoas que viram, e avaliassem o quanto a pessoa ou o grupo mereciam sua riqueza e como eles achavam que haviam ganho essas riquezas.

Os comentários daqueles que viram a capa com apenas um bilionário foram menos zangados do que aqueles que escreveram sobre o grupo, e tinham mais probabilidade de refletir a crença de que o sucesso do bilionário individual se devia ao talento e ao trabalho árduo.

E mais: As pessoas que viram os sete bilionários retratados juntos se mostraram mais a favor de um imposto sobre herança para diminuir a distância entre ricos e pobres do que aquelas que viram apenas um bilionário.

"A maneira como pensamos nas pessoas mais ricas - como grupo ou como indivíduos - parece afetar até mesmo nossas preferências políticas," disse Walker.

Implicações da desigualdade

O modo como pensamos sobre a política em relação à desigualdade econômica e social é de suma importância, afirma o pesquisador.

Por exemplo, a desigualdade econômica cresceu substancialmente nas últimas décadas, mas especialmente durante a pandemia de covid-19: Uma análise indica que os bilionários dos EUA viram sua riqueza aumentar US$ 1,8 trilhão (62%) durante a pandemia.

E inúmeras pesquisas mostram que os países com maior desigualdade econômica tendem a ter maiores taxas de homicídio, maior mortalidade infantil, menor bem-estar e menor compromisso com as instituições democráticas.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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