09/02/2009

Aprendizado da mãe passa para o filho, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde

Herança além dos genes

Além dos genes, a mãe pode passar para o filho também os benefícios de suas experiências cognitivas, mesmo que estas experiências tenham ocorrido antes que ela ficasse grávida.

As experiências cognitivas podem incluir estudos, treinamentos e experiências pessoais.

Os cientistas já haviam demonstrado antes, tanto em modelos animais quanto em pessoas, que as experiências da mãe durante a gravidez afetam a expressão genética dos seus filhos.

Mas, até agora, não havia evidências de que as experiências cognitivas anteriores à gravidez pudessem afetar a genética dos filhos.

Ambientes enriquecedores

A nova experiência, feita em camundongos, envolveu o "desligamento" de um gene chamado Ras-GRF-2, fazendo com que os animais tivessem um problema de memória. Esse problema impede que os animais associem uma sensação de medo a determinado local depois que eles recebem choques quando entram nesse local.

Um grupo desses animais foi colocado em um ambiente enriquecedor, cheio de brinquedos. Já se demonstrou que esses ambientes melhoraram o aprendizado e a memória. Outro grupo de animais foi mantido em um ambiente isento desses incentivos.

O ambiente mais rico e cheio de brinquedos fez com que os animais compensassem seu defeito de memória e passassem a temer o local onde levam os choques, como acontece com os animais sem a manipulação genética.

Herança das mães, não dos pais

Depois que os animais chegaram à vida adulta, os pesquisadores constataram que os filhos das mães que viveram no ambiente educacionalmente enriquecedor herdaram o medo do local do choque, o mesmo não acontecendo com os filhos das mães que viveram em ambientes sem incentivos.

O efeito somente foi observado em filhos das mães geneticamente modificadas que viveram no ambiente com brinquedos e incentivos. O resultado não acontece para os pais que passaram pela situação idêntica.

Como os filhotes têm o mesmo defeito genético das mães, os pesquisadores atribuem a melhor cognição dos filhotes ao tempo que suas mães passaram no ambiente educativo antes de ficarem grávidas. Os efeitos também não passaram para os seus netos.

Herança epigenética

Os pesquisadores suspeitam que as mães passem aos filhos os efeitos cognitivos durante a gestação, provavelmente liberando hormônios que fazem com que marcadores químicos epigenéticos - não dependentes dos genes - apareçam nos genes de seus filhos, regulando sua expressão depois do nascimento.

"A mãe pode modular a capacidade intelectual de seu filho. Se isto acontecer em humanos haverá implicações imensas. Parece ser algo epigenético, mas não há provas ainda," diz o Dr. Moshe Szyf, da Universidade McGill, no Canadá.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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