14/07/2014 Aprendendo a criar medicamentos com as formigasCom informações da Agência Fapesp
O ninho das formigas cortadeiras é muito bem protegido pela atuação com organismos simbiontes.[Imagem: Wikipedia]
Organismos simbiontes Pesquisadores brasileiros estão tentando adaptar para uso humanos as estratégias que as formigas usam para se livrar das doenças e ataques de pragas. Assim como contamos com vacinas, remédios e desinfetantes para nos proteger, os insetos sociais - como abelhas, formigas e cupins - desenvolveram suas próprias defesas químicas para se proteger. "Uma das estratégias usadas por insetos que vivem em colônias é a associação com microrganismos simbiontes - na maioria das vezes bactérias - capazes de produzir compostos químicos com ação antibiótica e antifúngica," explica a professora Mônica Tallarico Pupo, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP em Ribeirão Preto. A equipe de Mônica está se unindo ao grupo de Jon Clardy, da Universidade de Harvard (EUA), para explorar a microbiota existente nos corpos de formigas brasileiras em busca de moléculas naturais que possam dar origem a novos fármacos. "Vamos nos concentrar inicialmente nas espécies de formigas cortadeiras, como a saúva, pois são as que têm essa relação de simbiose mais bem descrita na literatura científica", disse Mônica. Coleta e seleção As formigas cortadeiras comportam-se como verdadeiras agricultoras, carregando pedaços de planta para o interior do ninho com o intuito de nutrir as culturas de fungos das quais se alimentam. "Isso cria um ambiente rico em nutrientes e suscetível ao ataque de microrganismos oportunistas. Para manter a saúde do formigueiro, é importante que tenham os simbiontes associados", explicou Mônica. A meta do grupo é isolar cerca de 500 linhagens de bactérias por ano o que, estima-se, dê origem a cerca de 1.500 diferentes extratos. "O primeiro passo será coletar os insetos e fragmentos do ninho para análise em laboratório. Em seguida, vamos isolar as linhagens de bactérias existentes e usar métodos de morfologia e de sequenciamento de DNA para caracterizar os microrganismos", contou Mônica. Depois que as bactérias estiverem bem preservadas e catalogadas será possível cultivar as linhagens para, então, extrair o caldo de cultivo. "Nossa estimativa é que cada linhagem dê origem a três diferentes extratos, de acordo com o nutriente usado no cultivo e a técnica de extração escolhida", disse. Esses extratos serão testados in vitro para avaliar se são capazes de inibir o crescimento de fungos, células cancerígenas e de parasitas causadores de leishmanioses e doença de Chagas. Os mais promissores terão os princípios ativos isolados e estudados mais profundamente. "Nesse tipo de pesquisa é comum ter redundância, ou seja, isolar compostos já conhecidos na literatura. Para agilizar a descoberta de novas substâncias ativas vamos usar ferramentas de desreplicação e de sequenciamento genômico", disse Mônica. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=aprendendo-criar-medicamentos-formigas A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |