03/08/2020

Anticoncepcionais na adolescência geram alterações cerebrais

Redação do Diário da Saúde
Anticoncepcionais na adolescência gera alterações cerebrais
Vários estudos têm levantado dúvidas sobre a segurança das pílulas anticoncepcionais.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Anticoncepcionais e cérebro

Milhões de mulheres tomam contraceptivos orais diariamente, mas, nos anos recentes, têm-se levantado dúvidas sobre a segurança dessas pílulas anticoncepcionais.

Uma das preocupações é que muitas mulheres começam a tomar as pílulas muito cedo.

"Milhões de mulheres tomam contraceptivos orais, mas pouco se sabe se os hormônios sintéticos encontrados nos contraceptivos orais têm efeitos comportamentais e neurofisiológicos, especialmente durante a puberdade e o início da adolescência, que são períodos críticos do desenvolvimento cerebral," destaca a professora Nafissa Ismail, da Universidade de Ottawa (Canadá).

A Dra Ismail então se propôs a investigar se as pílulas podem induzir diferenças na reatividade ao estresse - ou como a pessoa responde ao estresse. Para isso, ela e sua equipe compararam a estrutura e a função cerebral entre mulheres que começaram a tomar contraceptivos orais durante a puberdade ou na idade adulta e outras que nunca as usaram.

Efeitos dos anticoncepcionais em mulheres jovens

É a própria pesquisadora quem resume os resultados da pesquisa:

"Nós encontramos diferenças na estrutura e função do cérebro entre usuárias de contraceptivos orais e não usuárias.

"Primeiro, o uso de contraceptivos orais está ligado ao aumento da ativação no córtex pré-frontal durante o processamento da memória de trabalho envolvendo estímulos negativos, como imagens de uma pistola, acidente de carro, etc.

"Em nosso estudo, também usamos um estressor social e descobrimos que mulheres que começaram a usar contraceptivos orais durante a puberdade ou adolescência apresentam uma resposta embotada ao estresse, o que significa que elas não reagem aos estressores tanto quanto as mulheres que começaram a tomar contraceptivos orais na idade adulta.

"As mulheres que começaram a usar contraceptivos orais durante a puberdade ou adolescência também experimentam atividades cerebrais diferentes durante o processamento na memória de trabalho de imagens neutras em comparação com as mulheres que começaram a usar contraceptivos orais durante a vida adulta.

"Em resumo, o uso de contraceptivos orais está relacionado a mudanças estruturais significativas nas regiões do cérebro implicadas na memória e no processamento emocional. [E esse uso] também altera a reatividade ao estresse," disse a Dra Ismail.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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