03/10/2019

Tomar antibióticos pode reduzir eficácia da vacina contra a gripe

Redação do Diário da Saúde
Antibióticos podem reduzir eficácia da vacina contra a gripe
Seu alcance sobre nossa saúde é tão grande que as bactérias benéficas do intestino podem alterar até nossos genes.[Imagem: Juri Kazakevych/Babraham Institute]

Antibióticos e vacinas

Analisando adultos saudáveis que tomaram a vacina contra a gripe, pesquisadores concluíram que tomar antibióticos pode reduzir a eficácia da vacina.

E a conexão entre as duas coisas está no impacto que os antibióticos têm sobre as bactérias intestinais benéficas: A destruição das bactérias comensais pelos antibióticos parece deixar o sistema imunológico menos capaz de responder a novos desafios, o que inclui germes desconhecidos e as próprias vacinas, cujo objetivo é treinar o sistema imune para lidar com agentes patogênicos específicos.

"Até onde sabemos, esta é a primeira demonstração dos efeitos dos antibióticos de amplo espectro na resposta imune em humanos - nesse caso, nossa resposta à vacinação - induzida diretamente pela perturbação das nossas bactérias intestinais," disse Bali Pulendran, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford (EUA).

Bactérias saudáveis

Quando se trata de responder à vacinação contra um patógeno infeccioso encontrado anteriormente, nosso sistema imunológico é notavelmente resistente, mesmo diante do esgotamento mais grave das nossas bactérias intestinais.

Para verificar se uma baixa contagem de bactérias intestinais poderia representar um obstáculo maior à capacidade do sistema imunológico de responder a elementos não vistos anteriormente em uma vacina - como novas cepas virais representadas na vacina sazonal da gripe - do que aquelas que o sistema imunológico se lembrava de ter visto antes, a equipe de Pulendran recrutou voluntários cujo baixo nível de anticorpos contra a gripe indicava uma baixa exposição prévia ao vírus ou à própria vacina.

Nenhum dos voluntários havia recebido vacina contra a gripe pelo menos nos últimos três anos. Cinco indivíduos receberam antibióticos de amplo espectro e outros seis serviram como controle, sem tomar antibióticos. Todos então foram vacinados contra a gripe.

A contagem de bactérias intestinais nos indivíduos que tomaram antibióticos despencou e apareceu uma grande mudança nos níveis de um subtipo de anticorpo responsável por combater o vírus influenza: esse subtipo não conseguiu crescer no sangue em resposta à vacina. Notavelmente, o déficit desse subtipo de anticorpo correlacionou-se fortemente com as reduções pós-antibióticas nas bactérias intestinais totais, bem como na flagelina, a proteína bacteriana, nas amostras de fezes dos voluntários - um proxy para a abundância microbiana no intestino.

"O estudo indica que, quando se trata de responder à vacinação contra um patógeno infeccioso encontrado anteriormente, nosso sistema imunológico é notavelmente resistente, mesmo diante do esgotamento mais grave de nossas bactérias intestinais," diz Pulendran. "Mas ele parece perder essa resiliência quando confrontado com uma vacina que contém novos elementos patogênicos dos quais ele tem pouca ou nenhuma memória prévia".

Estes resultados, acrescentou o pesquisador, implicam que, quando a cepa da gripe da próxima temporada chegar, você deve cuidar para que as bactérias benéficas residentes no seu intestino estejam em plena floração, para que seu sistema imunológico reaja da maneira esperada à vacina.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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