30/08/2017

Alergias: Reatividade cruzada entre pólen e alimentos

Redação do Diário da Saúde
Alergias: Reatividade cruzada entre pólen e alimentos
A reação ao pólen é uma das alergias respiratórias mais comuns - a reação combinada com algum alimento é mais rara. [Imagem: Hélène Sénéchal et al. / Hokkaido University]

Alergia cruzada

Trabalhando em colaboração com equipes da República Tcheca e do Japão, pesquisadores do Instituto Pasteur (França) identificaram, pela primeira vez, a provável origem da reatividade cruzada entre o pólen e alguns alimentos, sobretudo as frutas cítricas.

Com o aumento dos casos de alergias - quase 30% da população dos países industrializados tem alguma variedade dessa condição - os médicos começaram a relatar um aumento nos casos de "síndrome associada pólen-alimento", uma espécie de "combinação" de alergias, isto é, alergias que ocorrem através de uma reação cruzada entre o pólen (alergia respiratória) e os alimentos (alergia alimentar).

Nas regiões mediterrânicas, destacam-se as reações alérgicas combinadas pólen de ciprestes/pêssegos e pólen de ciprestes/cítricos. Nesses casos, pessoas expostas e sensibilizadas ao pólen de cipreste desde a infância desenvolvem alergias a frutas cítricas e pêssegos na idade adulta.

Como em outras regiões as pessoas desenvolvem alergias combinadas envolvendo as plantas típicas de cada local, a expectativa é que os novos resultados guiem os estudos para desvendar casos que envolvam outras plantas/alimentos.

Sensibilização condicional

Helene Senechal e seus colegas descobriram que as duas fontes que a equipe estudou - pólen de cipreste e frutas cítricas - contêm alérgenos pertencentes a uma nova família de proteínas - as proteínas eram conhecidas, mas não se sabia que elas tinham similaridades. Conhecendo-se as proteínas desencadeantes, torna-se possível desenvolver novos testes de diagnóstico da alergia cruzada.

Até agora, as hipóteses levantadas para tentar explicar as alergias combinadas envolviam alterações ambientais ou do estilo de vida.

Senechal demonstrou numerosas similaridades do BP14, um alergênio identificado no pólen do cipreste, com o alergênio Pru p 7, do pêssego, e o alergênio Cit s 7, da laranja, ambos pertencentes à família de proteínas "snakin/GRP" (proteína regulada por giberelina).

Essas observações levaram os pesquisadores a concluir que os três alérgenos são membros de uma nova família de alérgenos respiratórios e alimentares envolvidos na síndrome da alergia combinada respiratório/alimentar.

"Surgiu um novo conceito - a sensibilização condicional. Uma vez que o sistema imunológico de um indivíduo desenvolve uma intolerância a um alérgeno, como o BP14, é mais provável que ele se torne sensível a alérgenos similares dentro da mesma família de proteínas que estão presentes em outras fontes de alérgenos," disse o professor Pascal Poncet, coordenador da equipe.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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