06/03/2009 Adaptação de escala internacional ajuda a avaliar brasileiros com AlzheimerLuiza Caires - Agência USP
[Imagem: Agência USP]
Afazia Uma pesquisa na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) validou para uso em pacientes brasileiros com mal de Alzheimer uma escala internacional criada inicialmente para avaliar as habilidades de comunicação de pacientes norte-americanos com afasia (alterações diversas de comunicação originadas por lesões no cérebro na área da linguagem). A doença de Alzheimer é uma condição de degeneração da região cerebral que afeta principalmente a memória. A perda dessa função cognitiva prejudica as atividades do paciente em diversos campos da vida diária, e um dos mais importantes é a capacidade de se comunicar, mesmo que a doença não afete especificamente a região cerebral ligada à linguagem. As alterações nesta capacidade comprometem o engajamento, a vida social do paciente e têm impacto em sua independência. Escala de avaliação funcional Com os objetivos de auxiliar no diagnóstico e acompanhamento da evolução da doença e facilitar o trabalho de reabilitadores e cuidadores a partir da identificação do grau de dificuldade comunicativa do paciente, a fonoaudióloga Isabel Albuquerque Maranhão de Carvalho testou a escala ASHA FACS (Avaliação Funcional das Habilidades de Comunicação, elaborada na American Speech-Language-Hearing Association - ASHA), em idosos brasileiros portadores de Alzheimer. Para que isto fosse possível, foi preciso traduzir os critérios descritos nos formulários da escala e adaptá-los aos padrões culturais brasileiros, baseando-se também em um estudo norte-americano do uso dessa escala em demência. Capacidades de comunicação Os resultados do estudo mostraram que, após as adaptações feitas, a escala pode ser aplicada para verificar as capacidades de comunicação de brasileiros que sofrem desta doença. "A vantagem desta escala é que ela avalia habilidades funcionais de comunicação, isto é, como a pessoa consegue se comunicar no meio em que ela vive e como responde às demandas que lhe são feitas, sejam elas de um advogado ou um analfabeto", ressalta a pesquisadora. Com a avaliação em mãos, os terapeutas e reabilitadores - neuropsicólogos, fonoaudiólogos, médicos ou terapeutas ocupacionais - terão uma importante contribuição para o diagnóstico, reabilitação e acompanhamento da evolução da doença, além de poder dar orientação à família e às pessoas que convivem com o paciente após identificar quais habilidades de comunicação estão mais alteradas e quais estão preservadas. O estudo foi publicado, no final de 2008, no Alzheimer's disease and Associated Disorders Jornal. Até agora, a avaliação adaptada pela fonoaudióloga é usada apenas para pesquisas acadêmicas, mas é possível que no futuro seja utilizada por profissionais de saúde brasileiros em suas rotinas. Como funciona a escala ASHA FACS A avaliação ASHA FACS é composta por 43 itens divididos em quatro domínios: Comunicação Social (situações sociais que exigem interação com o falante), Comunicação de Necessidades Básicas (reação a situações de necessidade e emergência), Leitura, Escrita e Conceitos Numéricos (anotar um recado, identificar rótulos de alimentos, preencher pequenos formulários), e Planejamento Diário (noção de agenda a cumprir e compromissos, uso do telefone e calendário). Para cada um destes itens, o paciente pode obter índice de 1 a 7; 7 quando a pessoa realiza a tarefa sem nenhum problema, 6 quando precisa de uma pequena ajuda, e assim por diante até chegar ao 1, condição em que não importa o quanto de suporte seja dado, a pessoa não conseguirá realizar aquela tarefa de comunicação. "Como não se pode confiar na resposta do paciente, que em geral não detecta problemas, achando que está fazendo tudo normalmente, realizamos a entrevista com um familiar próximo ou cuidador daquela pessoa", explica Isabel. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=adaptacao-de-escala-internacional-ajuda-a-avaliar-brasileiros-com-alzheimer A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |