Crenças, valores e preferências
A voz dos pacientes está sendo ignorada com demasiada frequência na elaboração das diretrizes de prática clínica da osteoporose.
A conclusão veio da análise de 70 diretrizes elaboradas em todo o mundo, que revelou que menos de 40% delas incluem qualquer menção a crenças, valores ou preferências dos pacientes (CVPs).
As diretrizes de prática clínica são elaboradas para ajudar os profissionais de saúde a alcançar os melhores resultados possíveis para seus pacientes, delineando as recomendações baseadas em evidências científicas para o atendimento.
A revisão, publicada pela revista Osteoporosis International, mostra que apenas 27 das 70 diretrizes analisadas incluem menção aos CVPs (crenças, valores e preferências) dos pacientes.
E aquelas que incluem CVPs na maioria das vezes se referem tão-somente às preferências do paciente por um medicamento em detrimento de outro.
Interesses das empresas farmacêuticas
Esta realidade pode ser reflexo da capacidade das empresas farmacêuticas de influenciar essas diretrizes em detrimento das experiências dos próprios pacientes, afirmam a Dra Joanna Sale e seu colega Dr. Li Ka Shing, do Hospital St. Michael de Toronto (Canadá).
"A escolha da medicação não parece refletir as CVPs de indivíduos com problemas de saúde óssea. Pelo contrário, parece refletir a agenda das empresas farmacêuticas e/ou restrições financeiras do indivíduo ou do sistema de saúde, ao invés da saúde do paciente.
"Se os pacientes não se veem nas diretrizes e nas recomendações de seus médicos, e quando suas crenças de saúde não se alinham com seu entendimento do que é necessário para dar suporte à saúde dos seus ossos, eles são menos propensos a seguir as orientações. Isso é natural.
"Preferências são mais fáceis de articular do que valores e crenças. É fácil medir se os pacientes querem tomar uma medicação uma vez por semana ou uma vez a cada seis meses, e se estão dispostos a tomar a medicação pela manhã e ter que esperar um pouco antes de poder comer. É mais difícil medir diretamente e com precisão se eles valorizam a prevenção de fraturas, por exemplo, ou se eles não acreditam que estão em risco de fraturas futuras," disse a Dra Sale.
Contudo, se as crenças, valores e preferências dos pacientes não forem levadas em consideração, é muito maior a probabilidade de que eles não cumpram os requisitos do tratamento e tenham pequena adesão às recomendações, o que, em última instância, trará prejuízos para o paciente e para todo o sistema de saúde.
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