Gerenciamento do tempo
Se você tiver alguns segundos livres, tente digitar "gerenciamento do tempo" em seu mecanismo de busca favorito.
Você obterá literalmente milhões de resultados: Livros, dicas, lições, eventos, o que fazer e o que não fazer.
É uma indústria das grandes.
Mas o professor Brad Aeon, da Universidade Concórdia (Canadá), fez aquela pergunta que não queria calar: Isso realmente funciona?
Mais do que isso, será que a adoção de técnicas de gerenciamento do tempo está relacionada ao sucesso profissional ou acadêmico?
Para responder a essas perguntas, Aeon e seus colegas conduziram uma meta-análise da literatura científica sobre gerenciamento do tempo. Eles encontraram 158 estudos feitos ao longo de quatro décadas, em seis continentes e envolvendo mais de 53.000 entrevistados.
Efeitos razoáveis
A conclusão da meta-análise é que o gerenciamento do tempo funciona razoavelmente, mas talvez não pelas razões pelas quais se poderia esperar.
"Descobrimos que [o gerenciamento do tempo] tem um impacto moderado no desempenho do trabalho," conta Aeon. "Mas descobrimos que a relação entre gerenciamento do tempo e desempenho no trabalho realmente aumentou ao longo dos anos, e significativamente."
Aeon especula que essa importância crescente de gerenciar o tempo pode se dever à mudança no mercado de trabalho, com trabalhadores cada vez mais autônomos.
"As pessoas têm mais liberdade para decidir como estruturar seu próprio tempo, então cabe a elas administrar seu próprio tempo também. Se forem boas nisso, provavelmente terão um melhor desempenho," observa. "E, se não forem, terão um desempenho ainda pior do que teriam há 30 anos, quando tinham mais do seu tempo administrado para eles [por seus chefes]."
Evite comparações
Os pesquisadores encontraram uma relação mais forte entre a gestão do tempo e o bem-estar geral, em particular a satisfação com a vida.
"A gestão do tempo ajuda as pessoas a se sentirem melhor com suas vidas porque as ajuda a programar o dia a dia em torno de seus valores e crenças, dando-lhes uma sensação de autorrealização," analisa Aeon.
Finalmente, os pesquisadores analisaram o impacto da gestão do tempo em relação aos dados demográficos, como traços de personalidade, idade, sexo, educação e situação familiar. Eles descobriram que essas relações são muito mais fracas do que o esperado, embora tivessem antecipado corretamente que as mulheres seriam ligeiramente melhores no gerenciamento do tempo do que os homens.
"A única característica que se correlacionou fortemente com a gestão do tempo foi a conscienciosidade," disse Aeon. "Isso envolve a atenção das pessoas aos detalhes, seu desejo de organização, de ser confiável e sistemático. Isso é compreensível, porque há muita sobreposição aqui."
Mas o pesquisador acrescenta que é importante evitar comparar sua própria gestão do tempo com pessoas supostamente mais bem-sucedidas, ou que se afirmem assim. Essas tentativas equivocadas de inspiração podem levar ao que ele chama de "vergonha na administração do tempo".
"Você vê essas postagens de mídia social dizendo: 'Sim, há uma pandemia, mas aprendi um novo idioma ou acordei às 5 da manhã e fiz mais em algumas horas do que você durante todo o dia. Isso faz com que o resto de nós se sinta mal e crie padrões irrealistas sobre o que podemos ou não podemos fazer com nosso tempo," aconselhou.
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Trabalho e Emprego | Educação | Felicidade | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.