Implante para induzir saciedade
Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um dispositivo eletroestimulador para induzir o organismo a produzir hormônios responsáveis pela sensação de saciedade, promovendo o controle do apetite e dos hábitos alimentares.
O objetivo é oferecer às pessoas com obesidade severa uma alternativa menos invasiva que a cirurgia bariátrica ou o balão gástrico.
O aparelho faz a conexão da atividade elétrica gástrica com as respostas hormonais do sistema nervoso central. Uma unidade fica responsável pelo controle e geração dos sinais necessários para sensoriamento e estimulação da parede gástrica, enquanto um ou mais eletrodos são implantados na parede gástrica anterior (próximo ao piloro) para a condução dos sinais.
O aparelho passou com sucesso pelos testes em animais de grande porte. Para isso, um grupo de porcos permaneceu com o eletroestimulador ligado, outro com o dispositivo implantado, porém desligado, e o terceiro foi mantido no local, sem qualquer intervenção. O primeiro grupo perdeu peso.
O dispositivo foi implantado por uma laparotomia - cirurgia realizada por meio de uma abertura abdominal. O eletrodo foi colocado na parede do estômago e, por um cabo, conectado à fonte geradora acoplada de forma subaponeurótica, ou seja, abaixo da musculatura.
"Esse trabalho serviu para vermos o efeito do dispositivo. Diante dos resultados positivos, partimos para uma nova fase do projeto, que será entender seu mecanismo [de funcionamento]", explicou a Dra. Raquel Franco Leal, responsável pela equipe, referindo-se à necessidade de confirmação de que é o hormônio da saciedade que está sendo controlado.
Alternativa à cirurgia bariátrica
Além de iniciar testes de longo prazo, a equipe está trabalhando em melhorias no aparelho, para aumentar a durabilidade da bateria do gerador e para que a sua localização seja mais acessível e facilite o monitoramento.
Para tornar a técnica menos agressiva, a proposta é que o eletroestimulador seja implementado por meio de videolaparoscopia, uma técnica cirúrgica minimamente invasiva realizada por auxílio de uma endocâmera no abdômen. A cirurgia bariátrica, que é uma das principais alternativas para pacientes com obesidade grave, embora eficiente, pode não ser uma solução definitiva, uma vez que o reganho de peso é bastante comum.
"Pessoas com obesidade grave têm prognóstico muito ruim devido às comorbidades associadas. Por isso, é importante ter alternativas para esses pacientes," disse Raquel.
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