27/12/2022

Deficiência de vitamina D aumenta em 78% risco de desenvolver fraqueza muscular

Com informações da Agência Fapesp
Deficiência de vitamina D aumenta em 78% risco de desenvolver fraqueza muscular
Se você não gosta do Sol, cuidado: Suplementos de vitamina D em altas doses podem ser perigosos.
[Imagem: FRL/UCR]

Dinapenia

Anote aí mais um dos muitos benefícios da vitamina D, aquela que você pode obter de graça apenas tomando um sol leve.

Além de ajudar a regular a absorção de cálcio e fósforo pelo organismo, manter o cérebro e o sistema imunológico funcionando, a vitamina D reduz em 78% o risco de fraqueza muscular.

"É sabido que a vitamina D participa de várias funções no organismo. Ela na verdade é um hormônio e entre suas diversas atuações está a reparação muscular e também a liberação de cálcio para contrair o músculo. Portanto, já era esperado que a vitamina D provocasse alguma alteração muscular e foi exatamente isso que o nosso estudo comprovou," contou o professor Tiago Alexandre, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que fez a pesquisa em colaboração com colegas do Colégio Universitário de Londres (Reino Unido).

A fraqueza muscular, que no jargão médico é chamada de dinapenia, pode ser explicada parcialmente pela atrofia muscular e é considerada um importante fator de risco para a incapacidade física no envelhecimento. Pessoas com dinapenia têm maior incidência de quedas, hospitalização e óbito prematuro.

Os tecidos ósseo e muscular são interconectados não só mecânica e fisicamente, como também bioquimicamente. "Por esse motivo, distúrbios endócrinos, como são os casos de deficiência e insuficiência de vitamina D, favorecem a perda de densidade mineral óssea, bem como a diminuição de massa, força e função muscular," explicou Tiago.

Falta de vitamina D

Os pesquisadores selecionaram indivíduos com mais de 50 anos que não apresentavam fraqueza muscular, ou seja, tinham força neuromuscular maior ou igual a 26 quilos (kg) para homens e maior ou igual a 16 kg para mulheres, e os acompanharam por quatro anos.

Aqueles que tinham deficiência de vitamina D no início do estudo (nível no sangue menor que 30 nanomol por litro) apresentaram 70% mais risco de desenvolver fraqueza muscular ao final do estudo do que aqueles que tinham níveis normais de vitamina D (nível sanguíneo maior que 50 nmol/L).

"Isso já é um achado importante, mostrando que a deficiência de vitamina D aumenta em 70% o risco de fraqueza muscular. Porém, como sabemos que no mundo todo há muitos casos de pessoas com osteoporose e que tomam suplemento de vitamina, precisávamos verificar qual seria o peso da suplementação," disse Maicon Delinocente, coautor do estudo.

Para tanto, os pesquisadores retiraram da análise os indivíduos que tinham osteoporose e faziam suplementação de vitamina D.

"Quando esses indivíduos foram retirados das análises, verificou-se que aqueles que tinham deficiência de vitamina D no início do estudo apresentaram 78% mais risco de desenvolver fraqueza muscular. Já os com insuficiência [nível no sangue entre 30 e 50 nmol/L] apresentaram 77% mais risco de desenvolver fraqueza ao final dos quatro anos de acompanhamento quando comparados àqueles que tinham níveis normais de vitamina D," contou Delinocente.

Para que ocorra a síntese de vitamina D no organismo, é necessário tomar sol com áreas do corpo expostas.

"Mas é preciso explicar para as pessoas que a insuficiência e deficiência de vitamina D aumentam o risco de desenvolver perda de força muscular. Portanto, é necessário dizer que essas pessoas precisam se expor mais ao Sol, seguir uma dieta com alimentos ricos em vitamina D, ou fazer suplementação e praticar exercício resistido para manter a força," recomendou Alexandre.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Are Serum 25-Hydroxyvitamin D Deficiency and Insufficiency Risk Factors for the Incidence of Dynapenia?
Autores: Maicon Luís Bicigo Delinocente, Mariane Marques Luiz, Dayane Capra de Oliveira, Aline Fernanda de Souza, Paula Camila Ramírez, Roberta de Oliveira Máximo, Natália Cochar Soares, Andrew Steptoe, Cesar de Oliveira, Tiago da Silva Alexandre 
Publicação: Calcified Tissue International
Vol.: 111, pages 571-579
DOI: 10.1007/s00223-022-01021-8
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