30/05/2023

Carne é cultivada em laboratório a partir de células-tronco imortais

Redação do Diário da Saúde
Carne cultivada em laboratório a partir de células-tronco imortais
Células-tronco bovinas imortalizadas diferenciadas com proteínas musculares totalmente expressas (azul=núcleos; magenta=miogenina; verde=miosina).
[Imagem: Andrew Stout/Tufts University]

Agricultura celular

Para possibilitar que a agricultura celular - o processo de cultivo da carne artificial em biorreatores - alimente milhões de pessoas, vários desafios técnicos terão que ser superados. Células musculares de frango, peixe, vaca e outras fontes de alimento terão que ser cultivadas para produzir milhões de toneladas por ano.

Com esse objetivo, pesquisadores da Universidade Tufts (EUA) desenvolveram células-tronco de músculo bovino imortalizadas (iBSCs), que podem crescer rapidamente e se dividir indefinidamente - células imortais já são usadas em pesquisas científicas há décadas.

Isto significa que pesquisadores e empresas em todo o mundo poderão ter acesso e desenvolver novos produtos sem ter que obter células repetidamente extraídas de animais de fazenda.

Células-tronco musculares normais extraídas de animais vivos para iniciar uma cultura normalmente se dividem apenas cerca de 50 vezes antes de começarem um processo de senescência e não serem mais viáveis. Embora seja teoricamente possível que essas células-tronco produzam uma quantidade substancial de carne, as células imortalizadas oferecem várias vantagens. Uma delas é a possibilidade de produzir significativamente mais massa para a produção de carne.

Desafios para a carne artificial

Embora a carne cultivada em laboratório venha melhorando a cada dia - a autoridade de saúde norte-americana (FDA) recentemente aprovou a carne de frango cultivada -, os produtos ainda são caros porque são difíceis de cultivar. Para atingir o nível comercial, a produção de carne cultivada em células exigirá células musculares e adiposas com uma capacidade muito alta de crescer e se dividir.

Outra vantagem das células imortalizadas é que elas poderão ser disponibilizadas no mercado, reduzindo a barreira de entrada para que outros pesquisadores explorem a agricultura celular, eventualmente encontrando maneiras de reduzir custos e superar os desafios da produção em escala.

"Normalmente, os pesquisadores precisam fazer seus próprios isolamentos de células-tronco de animais, o que é caro e trabalhoso, ou usar linhagens de células modelo de espécies menos relevantes, como células musculares de camundongos," disse o pesquisador Andrew Stout, que desenvolveu as células imortalizadas. "Usando essas novas linhagens de células bovinas persistentes, seus estudos podem ser mais relevantes, literalmente indo direto ao cerne da questão."

As células-tronco musculares não são o produto final que se deseja comer. Elas devem não apenas se dividir e crescer, mas também se diferenciar em células musculares maduras exatamente como - ou pelo menos muito semelhantes às - células musculares que comemos em um bife. A equipe de pesquisa demonstrou que as novas células-tronco realmente se diferenciaram em células musculares maduras, embora não inteiramente idênticas às células musculares de animais ou células musculares de células-tronco bovinas convencionais.

"Elas estão dobrando em um ritmo muito rápido, então podem apenas precisar de um pouco mais de tempo para atingir a plena maturidade," disse Stout, "É possível que elas estejam maduras o suficiente para replicar o sabor e a textura da carne natural. Mas isso é algo que teremos que explorar mais. "

Checagem com artigo científico:

Artigo: Immortalized Bovine Satellite Cells for Cultured Meat Applications
Autores: Andrew J. Stout, Miles J. Arnett, Kristin Chai, Tina Guo, Lishu Liao, Addison B. Mirliani, Miriam L. Rittenberg, Michelle Shub, Eugene C. White, John S. K. Yuen Jr., Xiaoli Zhang, David L. Kaplan
Publicação: ACS Synthetic Biology
DOI: 10.1021/acssynbio.3c00216
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