17/04/2009

Capacidade humana de autocontrole é limitada e desgasta-se rapidamente

Barbara Isanski
Capacidade de autocontrole se desgasta e pode levar a ações catastróficas

Autocontrole real e imaginado

Exercer o autocontrole é algo desgastante. De fato, controlar o próprio comportamento em uma determinada situação diminui a nossa capacidade de nos autocontrolarmos nas situações seguintes, mesmo quando elas não estejam inter-relacionadas.

Mas o que acontece quando apenas pensamos sobre outras pessoas exercendo controle sobre si próprias, e como isso nos afeta?

Estudos anteriores demonstraram que imaginar ações pode causar as mesmas reações que teríamos se estivéssemos realmente executando essas ações - por exemplo, imaginar-se comendo alimentos repugnantes resulta em caretas, mesmo que não se esteja comendo nada.

Os psicólogos Joshua M. Ackerman e John A. Bargh, da Universidade de Yale, juntamente com Noah J. Goldstein e Jenessa R. Shapiro, da Universidade da Califórnia, Los Angeles decidiram então explorar que impacto o fato de pensar em outras pessoas tendo autocontrole tem sobre os nossos próprios pensamentos e comportamentos.

A história de um garçom faminto

Os participantes ouviram uma história sobre um garçom faminto que estava rodeado por comidas deliciosas, mas que não fora autorizado a comer nada, sob pena de ser demitido. Metade dos participantes simplesmente leu a história, enquanto à outra metade foi pedido que se imaginassem no lugar do garçom.

A seguir, foram mostradas a todos os participantes imagens de itens com preços médios e elevados (por exemplo, televisores e carros) e foi-lhes pedido para indicar o quanto eles pagariam por eles.

Em um teste posterior de acompanhamento, alguns dos participantes leram a mesma história e outros leram uma história semelhante, na qual o garçom não estava com fome e não tinha que usar seu autocontrole.

Exatamente como na primeira experiência, alguns dos participantes leram a história, enquanto outros punham-se no lugar do garçom. Em seguida, todos os voluntários participaram de um jogo de palavras e de uma tarefa de memória.

Perdendo o autocontrole

Os resultados, publicados na revista científica Psychological Science, mostram que os participantes que se imaginaram na posição do garçom ficaram dispostos a gastar uma quantidade maior de dinheiro com os itens de luxo - eles tinham esgotado sua capacidade de autocontrole e moderação, o que os levou a gastar mais dinheiro.

No experimento de acompanhamento, os voluntários que leram e imaginaram a história do garçom que não estava faminto, saíram-se muito melhor no jogo de palavras e no teste de memória.

Em termos gerais, o grupo que imaginava-se como o garçom a partir da história original, que exerceu o autocontrole e não comeu nada, saíram piores no jogo de palavras e no teste de memória.

Consequências catastróficas

Estas descobertas sugerem que o nosso próprio autocontrole pode ser desgastado pela simples simulação mental de uma outra pessoa que esteja exercendo o autocontrole.

Os autores observam, por exemplo, que imaginar o autocontrole de outra pessoa "pode levar de pequenos transtornos de autocontrole, tais como funcionários falando indevidamente durante uma reunião, até transtornos catastróficos, como policiais respondendo a um evento emocionalmente carregado com uma ação letal."

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