Subjetividade da percepção
Quando você toca em algo, seja pisando na areia da praia ou acariciando o pelo de um cachorro, as sensações tomam conta do seu cérebro: Você sente os grãos da areia e o calor sob seus pés, assim como a maciez do pelo em sua mão.
Parece que tudo está sendo induzido externamente, e você só faz sentir o que está acontecendo "no mundo lá fora", certo?
Não é bem assim: Você também traz um pouco de si mesmo para a sensação.
Juntamente com o estímulo externo da praia ou do cachorro, há a memória de momentos passados, desde lembrar de como é a areia ou o pelo, até como limpar a areia dos dedos dos pés ou aconchegar-se com um animal de estimação quando você era criança.
Assim, embora todos concordemos que algo parece abrasivo ou macio, interpretamos essas sensações de maneiras ligeiramente diferentes.
"Quando percebemos nosso ambiente, estamos realmente fazendo duas coisas," explica o neurobiólogo Jerry Chen, da Universidade de Boston (EUA). "Estamos absorvendo todos os sentidos, todos os elementos físicos do mundo; ao mesmo tempo, estamos aplicando nossos próprios tipos de inferência, interpretação subjetiva do que pensamos estar percebendo."
Área do tato no cérebro
A equipe do professor Chen acaba de acrescentar novos conhecimentos objetivos a esse processo.
Observando o cérebro de camundongos, a equipe descobriu um circuito no córtex somatossensorial primário - a parte do cérebro que recebe sinais relacionados ao toque, temperatura e dor - dedicado à computação das informações táteis.
O circuito ajuda o cérebro a descobrir como equilibrar a estimulação vinda de fora do corpo com o conhecimento preexistente.
Isso pode ser significativo para nossa compreensão de uma série de distúrbios neurológicos e doenças neuropsiquiátricas, que podem alterar a percepção sensorial, de derrames a distúrbios do espectro do autismo.
O conhecimento aprimorado dos circuitos do cérebro, disse Chen, pode abrir caminho para tratamentos e intervenções mais direcionadas.
"Nossas descobertas revelam essencialmente que existe um circuito dedicado composto de células específicas no catálogo que chamamos de células centrais. Essas células ajudam a alertar o cérebro de que você encontrou uma característica importante que precisa ser investigada mais a fundo," disse Chen.
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