11/12/2014

Sentir-se - não ser - rico determina oposição à redistribuição de renda

Redação do Diário da Saúde

Redistribuição de renda

A opinião das pessoas sobre a desigualdade da distribuição da renda e da riqueza de um país pode ter pouco a ver com a quantidade de dinheiro que elas têm no banco, e muito a ver com o quanto elas se sentem mais ricas em comparação com os seus amigos e vizinhos.

"Nossa pesquisa mostra que sentimentos subjetivos de riqueza ou pobreza motivam atitudes das pessoas em relação à redistribuição de renda de forma totalmente independente do autointeresse objetivo," diz o Dr. Keith Payne, da Universidade da Carolina do Norte (EUA).

A pesquisa revelou que o sentir-se relativamente rico não só levou os participantes a se opor à redistribuição da riqueza, como também levou-os a considerar quem discordava deles como "cegados pelo autointeresse".

"Estes resultados são importantes porque sugerem um mecanismo pelo qual a desigualdade pode levar a aumentos da polarização política e ao conflito," explica Payne.

Ser rico e sentir-se rico

Embora pareça lógico que as pessoas iriam apoiar qualquer política de redistribuição de renda que aumente o seu próprio rendimento mínimo, as pesquisas mostram consistentemente que a associação entre renda familiar real e atitudes em relação à redistribuição é fraca.

Na verdade, o fator mais influente é a sensação subjetiva que as pessoas têm do próprio status socioeconômico - como as pessoas julgam a sua situação econômica em relação aos que as rodeiam.

Durante os experimentos feitos pela equipe, quando questionados sobre como poderiam melhorar as condições para futuros participantes, os voluntários levados a se considerarem mais pobres pareciam estar satisfeitos com as regras existentes, enquanto os jogadores induzidos a se achar mais ricos que seus parceiros preferiram significativamente uma menor redistribuição, claramente tentando reforçar sua situação de supremacia.

"Quando as pessoas foram induzidas a se sentirem mais ricas, elas não apenas se opuseram à redistribuição de renda, mas também começaram a endossar os princípios e ideologias mais conservadores em geral," diz Payne. "Elas começaram a ver o mundo como uma meritocracia imparcial e justa. E tudo isto foi o resultado de uma simples manipulação de cinco minutos das comparações de riqueza em relação aos outros."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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