10/07/2018

Substância traz nova esperança para tratar a malária

Com informações da Agência Fapesp
Substância traz nova esperança para tratar a malária
Nova substância é candidata para tratamento contra a malária.
[Imagem: CIBFar]

Seletividade

Uma nova substância, sintetizada em laboratório por pesquisadores brasileiros, mostrou ser uma forte candidata para o desenvolvimento de um fármaco contra a malária.

A possibilidade de um novo medicamento traz esperança a milhares de pacientes infectados pelo Plasmodium falciparum, um dos protozoários causadores da malária, sobretudo pelo fato de os testes mostrarem que a substância foi capaz de matar, inclusive, a cepa resistente aos antimaláricos convencionais.

A substância apresenta baixa toxicidade e alto poder de seletividade, atuando apenas no protozoário, mas não em outras células do organismo do hospedeiro.

Além dos estudos realizados com cepas de cultivo in vitro, os pesquisadores também testaram a substância em camundongos. "Nos testes, já no quinto dia de estudo a substância conseguiu reduzir 62% da quantidade de parasitas no sangue (parasitemia). Ao fim dos 30 dias de teste, todos os camundongos que ingeriram doses da substância sobreviveram", disse Rafael Guido, professor da USP de São Carlos (IFSC).

Inspiração vinda do mar

A substância candidata a virar fármaco foi sintetizada tendo como base compostos naturais encontrados em bactérias marinhas, conhecidas como marinoquinolinas.

"O núcleo dessas moléculas, conhecido por pirroloquinolina [que contém o núcleo 3H-pirrolo[2,3-c]quinolínico], nos chamou a atenção. Esta é uma estrutura rara dentre produtos naturais e pouco abordada na literatura científica," contou o professor Carlos Correia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Como o efeito dos compostos naturais sobre os patógenos ficou abaixo do esperado, a equipe empregou processos catalíticos para criar uma nova molécula, que apresentou uma potência centenas de vezes maior contra o P. falciparum, sem aumentar a toxicidade.

Outro indicador de que a derivada de marinoquinolina é forte candidata a fármaco está no fato de ela conseguir matar cepas resistentes a três dos principais medicamentos contra a malária: cloroquina, pirimetamina e sulfadoxina.

"Esse trabalho, no entanto, não pára nessa publicação. Temos ainda uma série de outros compostos sendo desenvolvidos," disse o professor Carlos, acrescentando que o grupo está caracterizando o potencial dessa classe de substâncias para tratar a malária causada por Plasmodium vivax, a forma da malária mais prevalente no Brasil, e está desenvolvendo a parte de farmacocinética do projeto - a reação do organismo ao medicamento.

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