09/02/2018

Semente de soja vira biofábrica para fármacos em larga escala

Redação do Diário da Saúde
Semente de soja vira biofábrica para fármacos em larga escala
O professor Elíbio Rech estima que as biofábricas possam reduzir o custo de produção dos medicamentos em até 50 vezes.
[Imagem: Embrapa]

Biofábrica

Sementes de soja foram modificadas geneticamente para se transformar em autênticas biofábricas, produzindo fármacos e outros compostos químicos.

Os testes para comprovar a tecnologia resultaram na produção de cianovirina, uma proteína eficaz no combate à AIDS.

As biofábricas foram criadas por um consórcio internacional com a participação de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O trabalho acaba de ser premiado pelo Consórcio Federal de Laboratórios dos EUA (FLC) pela excelência na transferência de tecnologia na área de saúde.

A pesquisa tem forte componente humanitário, porque os países em desenvolvimento com altos índices de propagação da AIDS, terão licença de produção e de uso livres do pagamento de royalties, ressaltou o pesquisador Elíbio Rech, que coordenou a participação brasileira nos estudos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em países como Zâmbia e África do Sul, cerca de 20% da população são portadores da doença.

Segundo Rech, a premiação representa a "coroação" de uma pesquisa de mais de uma década, que obteve excelentes resultados graças à parceria com os institutos internacionais.

Proteína viricida

O trabalho mostrou que a cianovirina, uma proteína que está presente em algas de impede a multiplicação do vírus HIV no corpo humano, pode ser introduzida em sementes de soja geneticamente modificadas. A própria planta então se encarrega de produzir a proteína com propriedades viricidas em larga escala.

A seguir, a cianovirina é extraída da soja e entra na composição de um gel para prevenir a contaminação pelo HIV.

Elíbio Rech explica que os efeitos positivos da cianovirina estão comprovados desde 2008, após testes realizados com macacos pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês): "O que faltava era descobrir uma forma eficiente e econômica para produzir a proteína em larga escala."

A expectativa é que o desenvolvimento de biofábricas para a produção de fármacos permita que os medicamentos cheguem ao mercado farmacêutico com menor custo, já que são produzidos diretamente em plantas, bactérias ou no leite dos animais - os cálculos indicam uma possibilidade de redução nos custos de produção de até 50 vezes.

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