12/10/2009

Projeto ajuda esquizofrênicos a voltarem a trabalhar

Beatriz Flausino - Agência USP
Projeto ajuda esquizofrênicos a voltarem a trabalhar
O objetivo principal da iniciativa é a reinserção dos pacientes no mercado de trabalho, mas aqueles que participaram do projeto piloto também tiveram melhoras nas relações sociais e alguns voltaram a estudar.
[Imagem: USP]

Melhoria geral

Um dos maiores obstáculos que uma pessoa com esquizofrenia enfrenta ao pensar em procurar emprego é o estigma que ela coloca em si mesma.

Para ajudar os pacientes a superar essa e outras dificuldades na hora de encontrar trabalho, o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP (FMUSP) lançou o Projeto Esquizofrenia.

O objetivo principal da iniciativa é a reinserção dos pacientes no mercado de trabalho, mas aqueles que participaram do projeto-piloto também tiveram melhoras nas relações sociais e alguns voltaram a estudar.

Terapia Comportamental Cognitiva

A coordenadora do Projeto, Belquiz Avrichir, conta que o programa piloto atendeu 13 pacientes, por seis meses em 2008. Desses, sete (54%) já estão trabalhando ou estudando.

Os demais participantes abandonaram o projeto ou não apresentaram bons resultados. A forma de terapia usada é a Terapia Comportamental Cognitiva (TCC).

"Essa técnica trabalha com as crenças disfuncionais das pessoas. Por exemplo, no caso do esquizofrênico, ele considera que não pode trabalhar porque é incapaz, ou porque como pessoa doente ele tem de descansar. Então, nós tentamos fazer com que ele perceba que essas crenças não são verdadeiras", explica a psiquiatra.

Normalmente, a TCC é feita com atendimento individual, mas no Projeto ela é usada com grupos de dez pessoas. "Percebemos que a terapia em grupo ajuda mais os pacientes, por causa dessa abordagem diferente. Eles trocam experiências e soluções que encontraram para seus problemas, como o caso de um paciente que tinha dificuldade para sair de casa. Outro que tinha o mesmo problema contou como o superou.", diz Belquiz.

Volta ao trabalho

Belquiz explica que, além do estigma que colocam em si mesmos, os participantes enfrentam dificuldades no mercado de trabalho. "A maioria manifesta a doença aos 18, 20 anos, quando começamos a trabalhar. E vários deles estavam sem trabalhar há muito tempo".

Mas ela acredita que isso pode ser superado, "alguns procuraram estudar, cursar supletivo, aprender outras línguas. Isso ajuda na hora de ser empregado e também ajuda na melhora das relações sociais".

Ao fim dos seis meses de tratamento com a TCC, os pacientes tiveram não só uma reinserção no mercado de trabalho, mas também uma melhora nas relações sociais. Muitos tiveram uma volta a atividades comunitárias (ir à igreja, fazer esportes, cursos etc). A psiquiatra afirma que "as inseguranças e os preconceitos são trabalhados nessa técnica, isso ajuda o paciente a se relacionar melhor".

Projeto Esquizofrenia

Com os bons resultados apresentados no projeto-piloto, a iniciativa se expandiu e neste ano teve início um programa de pesquisa no Projeto Esquizofrenia. Até 2010, serão atendidos cerca de 100 pacientes e serão avaliados os resultados.

Essa nova etapa do Projeto conta com a parceria da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp). Serão grupos de dez pessoas em que haverá a comparação do grupo que passa pela terapia com outro que não passa. "Vamos testar se esta intervenção é útil para os objetivos do Projeto, para fortalecer e dar confiança para que o paciente tenha mais independência", diz Belquiz.

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