29/07/2015

Por que tantas mulheres optam pela cesárea?

Com informações da BBC

Decisão bem fundamentada

Já estão valendo as novas regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para estimular a realização do parto normal na rede de saúde particular e conscientizar gestantes sobre os riscos representados pela cesariana.

Agora, gestantes precisarão assinar um termo de consentimento sobre os perigos da cirurgia para que o plano de saúde cubra seus custos. Por sua vez, as seguradoras terão de informar a taxa de cesáreas e de partos normais dos médicos e hospitais quando solicitadas pelo cliente.

As medidas buscam fazer com médicos tenham um papel mais ativo para informar as mães sobre os benefícios e os prejuízos da cesariana na hora da tomada de decisão sobre o tipo de parto. E, assim, combater a chamada "epidemia de cesáreas" no Brasil, país líder em partos realizados por meio de cirurgia no mundo.

Riscos

Atualmente, mais da metade dos bebês brasileiros nascem por cesariana - um índice que chega a 84,6% na rede particular -, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão recomenda que a taxa fique entre 10% e 15% dos partos.

A cirurgia é cada vez mais simples e segura e pode ser necessária para salvar gestante e bebê quando é identificado risco na realização do parto normal.

Mas a cirurgia ainda implica em perigos, e o número de cesarianas feitas por opção da mãe, sem recomendação médica, vem aumentando.

Por que tantas mulheres optam pela cesárea?

[Imagem: BBC]

Conveniente para os médicos

Mas como a cesariana tornou-se o padrão em vez da exceção em tantos países pelo mundo?

São muitos os argumentos, como o "medo da dor" na Itália, a preocupação com a sexualidade em países como México, República Dominicana, Chile e Argentina, e até o desejo de que o filho nasça em uma data precisa, como na China, onde as crenças populares afirmam que a data de nascimento poderia beneficiar os bebês.

No caso brasileiro, especialistas apontam que, antes de ser regulamentada nos anos 1990, a cesárea era vista como um procedimento "dois em um", porque permite realizar também a esterilização da mulher, tornando-se uma opção para aquelas que não queriam mais ter filhos.

Hoje, a opção por este tipo de parto se dá por ser mais conveniente para os médicos, que podem se programar para a cirurgia em vez de receber uma ligação inesperada no meio da noite e ter de passar horas acompanhando o trabalho de parto.

Da mesma forma, um mesmo médico pode realizar várias cesarianas em um mesmo dia, o que as torna mais lucrativas do que o parto normal.

"A mensagem enviada pela comunidade médica é que a cesariana é uma forma de parto mais moderna e higiênica, enquanto o parto normal é feio, primitivo e sujo," diz Simone Diniz, do departamento de saúde pública da Universidade de São Paulo (USP).

Simone acredita que muitas mulheres sentem-se pressionadas para optar pela cirurgia por seus médicos e enfermeiras, criando uma "máquina de fazer dinheiro" na indústria em torno dos partos.

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