20/06/2017

Por que a anestesia nos faz perder a consciência?

Redação do Diário da Saúde
Por que a anestesia nos faz perder a consciência?
A anestesia parece interromper a geração de informações no cérebro, e não sua transmissão, como se considerava até agora.
[Imagem: Cortesia Lee Lab/Stanford University]

Com a anestesia funciona

Considerada uma das maiores revoluções da Medicina de todos os tempos, pode parecer estranho que até hoje os cientistas não saibam exatamente como a anestesia funciona.

E as dúvidas podem até aumentar, conforme as últimas novidades na área, que acabam de ser publicadas por neurocientistas da Universidade Goethe e do Instituto Max Planck (Alemanha).

Ao demonstrar que determinadas áreas do cérebro geram menos informações quando a pessoa está sob anestesia, a equipe alemã derrubou mais uma hipótese que tentava explicar o funcionamento da anestesia.

Até agora, os cientistas acreditavam que os anestésicos interrompessem a transmissão de sinais neurais entre diferentes áreas do cérebro, e seria por isso que perdemos a consciência.

Assim, a queda na transferência de informações detectada quando o cérebro está sob anestesia pode ser uma consequência dessa redução local na geração de informação, e não - como se acreditava até agora - resultado da interrupção na transmissão de sinais entre diferentes áreas do cérebro.

"A relevância desta explicação alternativa vai além da pesquisa da anestesia," analisa a Dra. Patricia Wollstadt, "uma vez que todo exame da transferência de informação neuronal deve categoricamente levar em consideração quanta informação está disponível localmente e, portanto, é desta forma transferível."

Geração de informação versus transmissão de informação

Os pesquisadores alemães comparam sua descoberta com o que pode ocorrer no sistema de telefonia de uma cidade.

Se apenas algumas poucas chamadas telefônicas estiverem sendo completadas em uma cidade, pode ser que vários sistemas de telecomunicações pifaram ou - se for de noite - que a maioria das pessoas está dormindo.

A situação é semelhante em um cérebro anestesiado: se há uma transferência notavelmente baixa de informações entre várias áreas do cérebro, então ou a transmissão de sinais nas fibras nervosas está bloqueada ou então determinadas áreas do cérebro estão menos ativas quanto à geração de informações.

Patricia Wollstadt e seus colegas descobriram que a geração de informações locais no cérebro sob anestesia é muito mais afetada do que as áreas cerebrais "alvo", para as quais as informações seriam transferidas.

Isto indica que é a informação disponível na área de origem que determina a transferência de informações e não uma interrupção na transmissão do sinal. Se fosse assim, poder-se-ia esperar uma redução muito maior nas áreas alvo, pois menos informações chegariam lá, e não é isso o que ocorre.

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