03/11/2014

Parkinson pode se originar no intestino e migrar para o cérebro

Redação do Diário da Saúde
Parkinson pode se originar no intestino e migrar para o cérebro
Os pesquisadores rastrearam a proteína tóxica da parede do intestino até o cérebro.
[Imagem: Staffan Holmqvist et al. - 10.1007/s00401-014-1343-6]

A doença de Parkinson está fortemente associada à degeneração do centro de movimento do cérebro.

Contudo, na última década, a questão de onde a doença começa levou os cientistas a uma parte diferente da anatomia humana.

Origem do mal de Parkinson

Em 2003, o neuropatologista alemão Heiko Braak apresentou uma teoria que sugere que a doença começa no intestino e se espalha para o cérebro. Em 2011, pesquisadores da USP também mostraram que a doença de Parkinson pode começar em neurônios fora do cérebro, no sistema nervoso periférico.

Agora, Staffan Holmqvist, da Universidade de Lund (Suécia) apresentou a primeira evidência direta de que a doença pode realmente migrar do intestino para o cérebro.

A chamada hipótese de Braak propõe que o processo da doença começa no trato digestivo e no centro cerebral responsável pelo olfato. A teoria é apoiada pelo fato de que os sintomas associados com a digestão e o cheiro ocorrem muito cedo nos portadores do mal de Parkinson.

Acredita-se que progressão da doença seja acionada por uma proteína dobrada incorretamente que se aglomera e "infecta" as células vizinhas.

A equipe sueca agora conseguiu rastrear este processo ainda mais, desde o intestino até o cérebro, em modelos animais da doença.

Alfa-sinucleína

O experimento mostrou como a versão tóxica da proteína alfa-sinucleína é transportada de uma célula para outra, até chegar ao centro motor do cérebro, dando origem a perturbações motoras características da doença de Parkinson.

"Nós agora fomos capazes de provar que o processo da doença na verdade pode viajar do sistema nervoso periférico até o sistema nervoso central, neste caso da parede do intestino até o cérebro. No longo prazo, isso pode nos fornecer novos alvos terapêuticos para tentar retardar ou interromper a doença em uma fase mais precoce," disse o professor Jia-Yi Li, orientador do trabalho.

A equipe agora pretende realizar novos estudos nos quais os mecanismos de transporte da proteína prejudicial sejam examinados em mais detalhes.

O estudo atual sugere que a proteína é transferida durante a comunicação entre as células nervosas. É neste momento de interação que os pesquisadores querem intervir para tentar impedir a propagação da doença.

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