26/09/2012

Paradigma de dobramento das proteínas é questionado

Redação do Diário da Saúde
Paradigma de dobramento das proteínas é questionado
Novos dados questionam o paradigma estrutura-função das proteínas: a maioria das proteínas sinalizadoras continuam funcionais mesmo com dobramentos parciais.
[Imagem: Wikipedia/Opabinia regalis]

Dobramento das proteínas

Se você abrir qualquer livro-texto de biologia na seção de proteínas, lerá que uma proteína é feita de uma sequência de aminoácidos.

E lerá também que a sequência dos aminoácidos determina como a cadeia se dobra em uma estrutura compacta, e que a estrutura dobrada determina a função da proteína resultante.

Em outras palavras, a sequência das "palavras" codifica a função da "frase", e a função deriva da estrutura física.

Mas não se apresse em decorar tudo: os livros-textos precisam ser reescritos.

Paradigma estrutura-função

Rohit Pappu e seus colegas da Universidade de Washington (EUA) acabam de demonstrar que uma enorme classe de proteínas não obedece a esse paradigma estrutura-função.

Chamadas proteínas intrinsecamente desordenadas, elas podem se dobrar "incorretamente" - total ou parcialmente - e ainda assim continuar funcionais.

Desvendar o dobramento das proteínas é um dos maiores projetos da ciência atual. Os cientistas acreditavam que, com o código do dobramento, eles poderiam elucidar inúmeras doenças, atribuídas ao dobramento incorreto.

Mas parece que as coisas são mais complicadas do que pareciam.

Proteínas desordenadas

Embora sejam conhecidas há cerca de vinte anos, só agora os cientistas então dando-se conta da importância dessas "exceções".

"Nas bactérias e nos organismos procariontes essas proteínas são bem poucas. Elas são cerca de 5% do proteoma, o conjunto inteiro de proteínas feitas por um organismo. Mas se você vai para os eucariontes, ou organismos multicelulares, então os números vão para 30% a 40% do proteoma total," disse o Dr. Pappu.

Só que isto é apenas parte da situação toda.

"Mas se você pergunta que percentual de sequências que formam o proteoma sinalizador - proteínas ocupadas em passar mensagens para outras proteínas - é composto por estruturas intrinsecamente desordenadas, então os números saltam para 60% a 70%," completa o pesquisador.

Ou seja, as proteínas com dobramentos desordenados são a regra, e não a exceção.

Desordem saudável

Assim, embora a palavra "desordem" seja usada no campo médico para significar doença, uma proteína com uma desordem pode ser muito saudável.

Para o pesquisador, é hora de os cientistas perceberem que há uma sinergia evolutiva entre os domínios estruturados e as regiões desordenadas.

"E é esta sinergia que nós realmente precisamos enfiar em nossas cabeças se quisermos realmente entender como a biologia integra sinais para controlar processos e gerar respostas," diz o pesquisador.

Isto pode mudar a forma de interpretação de inúmeros experimentos, sobretudo aqueles ligados ao surgimento de desordens, não nas proteínas, mas nos seres vivos, incluindo os humanos.

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