05/10/2009

O Gênio do Mal: estudo sugere conexão entre criatividade e psicose

Barbara Isanski
O Gênio do Mal: estudo sugere conexão entre criatividade e psicose
A história está cheia de exemplos de grandes artistas que agiram de forma muito peculiar. Seriam esses artistas brilhantes ou simplesmente malucos?
[Imagem: Wikimedia Commons]

Brilhante e maluco

Vincent van Gogh cortou sua própria orelha. Sylvia Plath enfiou sua cabeça dentro do forno. A história está cheia de exemplos de grandes artistas que agiram de forma muito peculiar. Seriam esses artistas brilhantes ou simplesmente malucos?

De acordo com uma nova pesquisa, que acaba de ser publicada na revista Psychological Science, o mais provável é que eles fossem um pouco das duas coisas.

Genética da criatividade

A fim de examinar a relação entre a psicose e a criatividade, Szabolcs Kéri, psiquiatra da Universidade Semmelweis (Hungria), voltou sua atenção para a neurorregulina 1, um gene que normalmente desempenha um papel em uma variedade de processos cerebrais, incluindo o desenvolvimento e o reforço da comunicação entre os neurônios.

No entanto, uma variante desse gene (ou genótipo) está associada a um maior risco de desenvolver transtornos mentais, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar.

Neste estudo, Kéri e seus colegas recrutaram voluntários que se consideravam muito criativos e bem-sucedidos. Eles foram submetidos a uma bateria de testes, incluindo avaliações de inteligência e de criatividade.

Medir a criatividade

Para medir a criatividade, os voluntários foram convidados a responder a uma série de perguntas inusitadas (por exemplo, "Apenas suponha que as nuvens têm cordas ligadas a elas e que pendem para o solo. O que aconteceria? ") e foram avaliadas com base na originalidade e na flexibilidade das suas respostas.

Eles também responderam a um questionário sobre as conquistas da sua vida que creditavam ao fato de serem criativas. A seguir, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de cada um deles.

Os resultados mostram uma relação clara entre a neurorregulina 1 e a criatividade. Voluntários com a variante específica desse gene tinham mais propensão a ter uma maior pontuação na avaliação da criatividade e também maiores realizações ao longo de suas vidas ligadas à sua criatividade do que os voluntários com formas diferentes do gene.

Vantagem genética

Kéri observa que este é o primeiro estudo a mostrar que uma variação genética associada com a psicose pode ter algumas funções benéficas. Ele observa que "os fatores moleculares que são fracamente associados com transtornos mentais graves, mas que estão presentes em muitas pessoas saudáveis, podem oferecer uma vantagem ao permitir que pensemos de forma mais criativa."

Além disso, os resultados sugerem que determinadas variações genéticas, ainda que associadas a problemas de saúde, podem sobreviver à seleção evolucionária e permanecer no espectro genético de uma população caso eles também tenham efeitos benéficos.

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