11/02/2011

Molécula anticâncer longamente sonhada é sintetizada pela primeira vez

Redação do Diário da Saúde
Molécula anticâncer longamente sonhada é sintetizada pela primeira vez
A aglicona lomaiviticina só era produzida até agora em quantidades mínimas por uma bactéria marinha rara.
[Imagem: Herzon et al./JACS]

Aglicona lomaiviticina

Uma equipe de cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, sintetizou pela primeira vez um composto químico chamado aglicona lomaiviticina.

Químicos em todo o mundo têm estado interessados nas propriedades anticancerígenas da lomaiviticina desde sua descoberta em 2001.

Mas, até agora, eles não haviam conseguido obter quantidades significativas do composto, que é produzido por uma bactéria marinha rara (Micromonospora), que não pode ser facilmente persuadida a produzir a molécula em grandes quantidades.

Na última década, vários grupos ao redor do mundo têm tentado substituir a bactéria, sintetizando o composto natural em laboratório, mas sem sucesso.

Células-tronco do câncer

Tendo conseguido fazer isto agora, os cientistas acreditam poder caminhar rapidamente rumo ao desenvolvimento de uma nova classe de fármacos para alvejar e destruir as progenitoras, as chamadas células-tronco do câncer.

"Cerca de três quartos dos agentes anticancerígenos são derivados de produtos naturais, de modo que houve muito trabalho nesta área," conta Seth Herzon, que coordenou a pesquisa. "Mas este composto é estruturalmente muito diferente dos outros produtos naturais, o que tornou extremamente difícil sintetizá-lo em laboratório."

Além da aglicona lomaiviticina, a equipe de Herzon criou também moléculas similares menores, que se provaram extremamente eficazes na destruição das células-tronco do câncer de ovário.

Câncer de ovário

Os cientistas estão particularmente entusiasmados com a possibilidade da aglicona lomaiviticina destruir as células-tronco do câncer de ovário porque a doença é notoriamente resistente ao taxol e à carboplatina, duas das drogas mais usadas na quimioterapia da doença.

"O câncer de ovário tem uma alta taxa de recorrência, e depois de usar a quimioterapia para combater o tumor pela primeira vez, você fica com as células tumorais resistentes que tendem a voltar," explica Gil Mor, outro membro da equipe.

"Se você puder matar as células-tronco antes que elas tenham a chance de formar um tumor, a paciente terá uma chance muito maior de sobrevivência - e não há, por enquanto, muitas terapias potenciais para alvejar as células-tronco do câncer," comenta.

Testes em animais

Para sintetizar a molécula tão valiosa, os cientistas usaram uma técnica de 11 etapas, o que é considerado por eles como uma solução bastante simples, ainda que um dos passos tenha consumido um ano inteiro de pesquisas.

"Um monte de sangue, suor e lágrimas foram derramados para formar essa ligação," dramatiza Herzon. "Depois disso, o resto do processo foi relativamente fácil."

Agora, a equipe pretende analisar os compostos para entender melhor como ele interage com as células-tronco em nível molecular.

Os cientistas esperam começar a testar os compostos em animais em breve.

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