23/07/2018

Modo de falar sobre desigualdade muda ética das pessoas para resolvê-la

Redação do Diário da Saúde
Modo de falar sobre desigualdade muda ética das pessoas para resolvê-la
A distância que nos une: É fácil concordar que há desigualdade, mas não é tão fácil começar a lidar com ela.
[Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil]

Meu privilégio versus sua desvantagem

Se você se beneficia de uma desigualdade, o modo como você lida com a situação pode depender de como a questão é colocada.

"A maneira pela qual você enquadra a desigualdade ou o privilégio, seja focalizando no eu - meu privilégio não merecido - ou focado no outro - sua desvantagem injusta - pode influenciar o quanto você deseja corrigir esse privilégio.

"Quando você tenta influenciar os indivíduos que estão em posição de ajudar a corrigir a desigualdade financeira e social, a maneira como você expressa a frase faz a diferença," detalhou a professora Ashleigh Rosette, da Universidade Duke (EUA).

Rosette e sua equipe descobriram que o modo como se coloca uma questão envolvendo injustiça pode influir nas decisões éticas estudando como voluntários se dispunham a abrir mão de parte de um bônus que esses mesmos voluntários recebiam.

Depreciação do outro

O resultado do experimento é uma novidade porque pesquisas anteriores concluíram que mostrar a desigualdade como uma vantagem de um grupo torna os membros do grupo mais propensos a apoiar os esforços para lidar com essa desigualdade - estes novos resultados mostram que o oposto é verdadeiro para os indivíduos.

"Nós mostramos que, no nível individual, quando você diz a uma pessoa que o que ela recebeu não é merecido, ela dispara vieses egoístas e se torna menos propensa a corrigir a desigualdade.

"Quando nós descrevemos a iniquidade como um privilégio imerecido de uma pessoa, essa pessoa tende a justificar seu status desmerecendo a outra parte, descrevendo seu colega como preguiçoso ou incompetente. Essa depreciação então justifica a decisão de não compartilhar suas recompensas, mesmo que elas tenham sido injustamente distribuídas.

"Simplesmente mudando o enquadramento e apresentando a desigualdade como uma desvantagem imerecida da outra pessoa, descobrimos que as pessoas mostram-se mais interessadas em resolvê-la e são menos propensas a culpar a outra pessoa," disse Rosette.

O estudo foi publicado no Journal of Experimental Social Psychology.

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