04/06/2008

Metodologia indica grau de dependência de pacientes psiquiátricos

Naila Okita - Agência USP

Instrumento inédito

Uma forma de classificar o nível de dependência dos pacientes psiquiátricos foi validada e apresentada como resultado dos estudos da enfermeira Paula Andréa Shinzato Ferreira Martins, especialista em enfermagem psiquiátrica há 13 anos.

Paula criou uma metodologia para determinar o grau de dependência aos cuidados de enfermagem de pacientes adultos, psicóticos agudos e graves: um formulário com 11 indicadores críticos de cuidados, que indicarão o grau de dependência de cada paciente. Trata-se de um instrumento inédito no Brasil, por ser específico ao atendimento psiquiátrico.

Indicadores da dependência

Avaliando-se aspectos como aparência e cuidados pessoais, expressão do pensamento, interação social e padrão de aceitação de medicamentos, entre outros, é possível definir o seu nível de dependência e os tipos de cuidados e de profissionais que o paciente necessita. Ao final da análise, cada paciente pode ser classificado em um dos seguintes níveis de dependência: discreto, intermediário ou pleno.

Atualmente, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) tem um padrão para o dimensionamento de pessoal de enfermagem, mas não específico ou voltado à psiquiatria. Segundo a enfermeira, esse método não se aplica totalmente à sua área de atuação, que tem uma dinâmica própria. "Hoje em dia, há unidades com um enfermeiro para 10 leitos e em outras com um enfermeiro para 400 pacientes. Não há ainda um critério que determine a quantidade necessária e ideal, então se torna um desafio termos parâmetros para comprovar se esses números são altos ou baixos", explica.

Relação entre enfermeiros e pacientes psiquiátricos

A própria enfermeira coordena no Pólo de Atenção Intensiva em Saúde Mental da Zona Norte (PAI Zona Norte) uma equipe que conta, além dos profissionais multidisciplinares, com uma equipe de um enfermeiro para 12 pacientes de pronto-socorro e um enfermeiro para 20 pacientes de internação, em cada turno de trabalho. Ela considera que é um número baixo de profissionais, mas não há um procedimento que dê embasamento para a afirmação. Foi pensando nessa carência que ela desenvolveu o instrumento de avaliação.

Os dados podem ser utilizados em outros estudos para se chegar a um método também inédito de definição de números de enfermeiros necessários para cada paciente psiquiátrico. "É um primeiro passo", comemora a enfermeira. "Para determinar a proporção ideal paciente/enfermeiro, é preciso também calcular as horas de cuidados necessários - que não existe hoje - e levar em conta quanto os enfermeiros faltam ao trabalho, por exemplo - são dados não publicados na especialidade".

Uso prático

A enfermeira aplicou o instrumento para a sua tese Sistema de Classificação de pacientes na especialidade enfermagem psiquiátrica: validação clínica, apresentada em 2007 na Escola de Enfermagem (EE) da USP. A formulação dos indicadores havia sido feita anteriormente, em sua dissertação de mestrado, e finalmente foi testada.

Ela já utiliza esse método na unidade em que trabalha e outras têm esse estudo como base para avaliar as necessidades de enfermagem para o atendimento do paciente portador de transtorno mental.

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