06/01/2011

O que um meditador Zen não pensa seu corpo não sente

Redação do Diário da Saúde
O que um meditador Zen não pensa seu corpo não sente
Embora os meditadores estivessem conscientes da dor, essa sensação não foi processada pelo cérebro.
[Imagem: Wikimedia]

O que a mente não vê

A prática da meditação Zen traz muitos benefícios comprovados à saúde, entre os quais uma diminuição da sensibilidade à dor.

Mas o que cientistas da Universidade de Montreal agora descobriram é que o corpo dos meditadores "sente" a dor, mas sua mente simplesmente não liga tanto para ela quanto uma pessoa que não medita.

Os resultados, publicados na edição deste mês da revista Pain, podem ter implicações para pessoas que sofrem de dores crônicas, tais como aquelas com artrite, dores nas costas ou câncer.

Comandando o próprio cérebro

"Nossa pesquisa anterior descobriu que os praticantes da meditação Zen têm menor sensibilidade à dor," lembra o Dr. Pierre Rainville.

"O objetivo deste novo estudo foi determinar como eles conseguem isso. Usando ressonância magnética funcional, foi demonstrado que, embora os meditadores estejam conscientes da dor, essa sensação não foi processada na parte do cérebro responsável pelo raciocínio, avaliação e formação da memória," conta Rainville.

Os cientistas acreditam que os meditadores detectam a sensação de dor, mas cortam o processo rapidamente, evitando interpretar e rotular os estímulos como sendo dolorosos.

Conexão mente-cérebro

Os praticantes Zen mais experientes apresentaram as menores respostas à dor, com reduzida atividade nas áreas cerebrais responsáveis pela cognição, emoção e memória (córtex pré-frontal, amígdala e hipocampo).

Além disso, houve uma diminuição na comunicação entre a parte do cérebro que detecta a dor e o córtex pré-frontal.

"Nossos resultados levam a novos insights sobre a função mente/cérebro," diz Joshua Grant, que coordenou os experimentos. "Estes resultados desafiam os conceitos atuais de controle mental, que se acredita ser alcançado através do aumento da atividade cognitiva, com esforço. Em vez disso, nós sugerimos que é possível se auto-regular de forma mais passiva, 'desligando' certas áreas do cérebro, que, neste caso, são normalmente envolvidas no processamento da dor."

Treinando o cérebro

"Os resultados sugerem que praticantes de meditação Zen podem ter uma habilidade treinada para liberar alguns processos cerebrais de ordem superior, mesmo experimentando os estímulos," disse Raines.

"Essa possibilidade poderia acarretar consequências amplas e profundas para lidar com a dor, o controle das emoções e o controle cognitivo. Esse comportamento é coerente com a mentalidade do Zen e com a noção de mente alerta," conclui o pesquisador.

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