30/07/2014

Medicamento promissor para Alzheimer mostra novos problemas

Redação do Diário da Saúde
Medicamento promissor para Alzheimer mostra novos problemas
Além de apontar os resultados contraditórios, os pesquisadores alertam para a toxicidade do bexaroteno.
[Imagem: Roberta Dupuis-Devlin/UIC]

Um medicamento contra o câncer que vinha sendo apresentado como promissor contra a doença de Alzheimer sofreu mais um revés.

No ano passado, a "droga promissora" para Alzheimer teve seus resultados iniciais contestados.

Agora, um novo experimento usando um modelo animal mais avançado mostrou resultados preocupantes.

O novo camundongo geneticamente modificado imita a genética e patologia da doença humana de forma mais precisa do que qualquer outro modelo animal, garante a Dra. Mary Jo Ladu, da Universidade de Illinois em Chicago (EUA).

Nos testes, o medicamento - chamado bexaroteno - reduziu os níveis da proteína beta amiloide nos animais com estágio avançado de Alzheimer, mas aumentou os níveis das proteínas durante os estágios iniciais da doença.

Risco genético de Alzheimer

O camundongo carrega um gene humano que aumenta em 15 vezes o risco de desenvolver Alzheimer - este é o maior fator de risco genético conhecido para a doença.

Os seres humanos têm um gene que codifica uma proteína chamada apolipoproteína E, que ajuda a limpar a beta-amiloide no cérebro ligando-se a ela e dividindo-a. Os camundongos da Dra. Ladu têm a pior variante desse gene - APOE4 ou APOE3.

"O APOE4 é o maior fator de risco genético para a doença de Alzheimer," explica a pesquisadora. "Nosso trabalho anterior mostrou que, em comparação com o APOE3, a apolipoproteína produzida pelo gene APOE4 não se liga bem à beta-amiloide e, por isso, não limpa a neurotoxina do cérebro."

Resultados de estudos anteriores dos efeitos do bexaroteno sobre o mal de Alzheimer têm sido contraditórios, e nenhum desses estudos havia levado em conta a predisposição genética representada pelo gene APOE.

Mas parece haver mais problemas com a "conversão" desse remédio desenvolvido para o câncer para tratar Alzheimer.

"O bexaroteno também é extremamente tóxico para o fígado," afirma Leon Tai, membro da equipe. "Para a prevenção, quando um medicamento é dado antes de os sintomas da doença de Alzheimer aparecerem, e provavelmente durante longos períodos de tempo, o bexaroteno provavelmente não é uma terapêutica viável devido a esta toxicidade conhecida, a menos que a dosagem seja cuidadosamente controlada e os pacientes sejam monitorados de perto."

Isto sem contar que vários pesquisadores já defendem que as placas de beta-amiloide podem ser uma defesa do cérebro, e não a causa do Alzheimer.

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