Tratamento da esquizofrenia
A esquizofrenia distancia o paciente da realidade.
A doença tem causas desconhecidas pelos cientistas, o que a torna, na visão da maioria dos médicos, uma patologia de difícil tratamento.
Agora, um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto está estudando o uso do canabidiol para tratar a esquizofrenia.
Canabidiol
O canabidiol é considerado um canabinóide, ou seja, a substância faz parte dos 80 componentes presentes na planta Cannabis sativa, mais conhecida como maconha.
Contudo, diferentemente do canabinóide Delta 9, ou tetrahidrocanabinol (THC), o responsável pelos efeitos típicos da planta - alucinógenos e estimulantes - o canabidiol não produz essas sensações.
Segundo o Dr. Antonio Waldo Zuardi, o canabidiol foi usado em diversos estudos com animais e humanos, sugerindo que a substância pode atenuar sintomas psicóticos.
"Este ano, foi publicado um estudo realizado por um grupo de pesquisadores alemães, que mostra que o canabidiol diminuiu os sintomas de pacientes esquizofrênicos de forma semelhante a outro antipsicótico já conhecido", disse.
Segundo o pesquisador, a substância tem a vantagem, em relação ao medicamento já existente, de apresentar baixa propensão a produzir efeitos colaterais indesejáveis.
Riscos do THC
Além de apresentar sinais de eficácia na redução de sintomas psicóticos, a utilização do canabidiol é estudada em outros quadros, como transtornos de ansiedade, doença de Parkinson, sono, abstinência de drogas e como anti-inflamatório.
O pesquisador alerta, porém, que outros componentes da Cannabis sativa, como o THC, podem ser maléficos. "Eles podem produzir sintomas psicóticos em indivíduos saudáveis e agravar os sintomas da esquizofrenia", explica Zuardi.
Por isso, o THC é visto como um componente psicotomimético, ou seja, produz sintomas semelhantes aos observados nas psicoses. "O THC em doses elevadas produz esses sintomas, mas o mesmo não ocorre com o canabidiol. Por isso, ele é considerado não psicotomimético", disse.
Mais estudos
A combinação do canabidiol com o THC, explica Zuardi, é liberada em diversos países para uso em pacientes com esclerose múltipla, com a função de diminuir a espasticidade (distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular).
Para as outras indicações, como a esquizofrenia, porém, o desenvolvimento de um medicamento necessita de mais estudos que comprovem os seus efeitos.
"Embora animadoras, as evidências ainda são insuficientes para que o canabidiol possa ser utilizado na clínica. Para isso, serão necessários estudos com número muito maior de pacientes", acrescenta.
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