23/05/2011

A felicidade tem um lado ruim?

Redação do Diário da Saúde

Ciência e filosofia

Recentemente, um filósofo alertou que, pouco a pouco, a busca pela felicidade está se transformando em uma obsessão muito pouco saudável.

Além da filosofia, os testes práticos e repetitivos da ciência parecem concordar com isso.

Foi o que demonstrou um levantamento de todas as pesquisas científicas feitas sobre o tema ao longo da última década.

Segundo as pesquisadoras, as pesquisas mostram que a busca desenfreada pela felicidade, que parece ser uma marca registrada da época atual, tem um lado negativo - eventualmente, muito negativo.

Lado escuro da felicidade

Segundo o artigo, publicado na revista científica Perspectives on Psychological Science, o sentir-se bem não pode ser pensado como algo universalmente bom - e destaca situações em que a felicidade pode ser bem ruim.

As pessoas que se esforçam para obter a felicidade podem acabar sentindo-se pior do que quando começaram, afirmam June Gruber, da Universidade de Yale (EUA) e suas colegas.

As "ferramentas" sugeridas para se tornar mais feliz não são necessariamente ruins - como dedicar um tempo todos os dias para pensar sobre coisas que lhe deixam feliz ou grato, ou a criação de situações que possam fazer você feliz.

"Mas quando você está fazendo isso com a motivação ou a expectativa de que essas coisas deveriam fazê-lo feliz, isso pode levar à decepção e à diminuição da felicidade," diz Gruber.

Por exemplo, um estudo mostrou que pessoas que leram um artigo de jornal enaltecendo o valor da felicidade sentiram-se pior depois de assistir um filme feliz do que as pessoas que leram um artigo de jornal que não mencionou a felicidade - presumivelmente porque elas ficaram desapontadas por não se sentirem mais felizes depois do filme.

Quando as pessoas não acabam tão felizes como esperavam, seu sentimento de fracasso pode fazê-las sentir-se ainda piores.

Felicidade demais vira problema

Muita felicidade também pode ser um problema. Um estudo acompanhou crianças dos anos 1920 até a velhice e descobriu que aquelas classificadas como altamente alegres por seus professores morreram mais jovens.

Os pesquisadores concluíram que as pessoas que se sentem extremamente felizes não pensam mais de forma criativa e tendem a assumir mais riscos.

Por exemplo, pessoas que têm manias, como no transtorno bipolar, têm um grau excessivo de emoções positivas que podem levá-los a assumir riscos - o que inclui abuso de drogas, dirigir em alta velocidade ou gastar todas as suas economias.

Outro problema é a "sensação de felicidade de forma inadequada" - obviamente, não é saudável sentir-se feliz quando você vê alguém chorando a perda de um ente querido ou quando ouve que um amigo ficou ferido em um acidente de carro.

As pesquisas descobriram que essa felicidade inadequada também ocorre em pessoas com manias.

A felicidade exagerada também pode significar prestar pouca atenção nas emoções negativas, que igualmente têm o seu lugar na vida - o medo pode evitar correr riscos desnecessários, a culpa pode ajudar a lembrar de se comportar bem em relação aos outros, e assim por diante.

O que traz felicidade?

Relendo as pesquisas, as cientistas também descobriram o que parece realmente aumentar a felicidade.

"O mais forte preditor da felicidade não é o dinheiro e nem o reconhecimento externo, através do sucesso ou da fama", diz Gruber. "É ter relações sociais significativas."

Isto significa que a melhor maneira de aumentar a sua felicidade é parar de se preocupar em ser feliz e centrar suas energias em nutrir os laços sociais que você tem com outras pessoas.

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