18/11/2013

Intervenção educativa melhora qualidade de vida de pacientes crônicos

Com informações da Agência Fapesp

Um grupo de pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que é possível melhorar o estado de saúde de pacientes com condições crônicas.

Para isso, eles desenvolveram um modelo de intervenção educativa que alia orientação por meio de material didático, atendimentos presenciais e acompanhamento por telefone.

"Com o envelhecimento populacional, o número de pessoas com condições crônicas - decorrentes de doenças ou traumas físicos que requerem cuidados permanentes por longos períodos - tende a aumentar. Por esse motivo, o seguimento adequado dessas pessoas tem sido uma preocupação crescente na área de enfermagem em todo o mundo", conta a professora Lídia Aparecida Rossi.

Condições crônicas

Diversas enfermidades podem ser classificadas como condições crônicas, entre elas Parkinson, Alzheimer, diabetes e doenças cardiovasculares.

"Estudos do nosso grupo mostraram que condições crônicas distintas apresentam respostas bastante semelhantes, como medo, ansiedade, depressão, diminuição da autoestima, perda de autonomia, problemas de adesão ao tratamento e prejuízo da qualidade de vida", contou Lídia.

Os pesquisadores adaptaram e validaram para a cultura brasileira várias escalas - originalmente propostas para serem usadas em outros países - que permitem avaliar aspectos subjetivos das pessoas com condições crônicas, como ansiedade relacionada à dor, imagem corporal e qualidade de vida.

"Atualmente, esses instrumentos estão sendo usados em nossos estudos e por outros pesquisadores para mensurar os resultados de intervenções que visam a aumentar a adesão ao tratamento e a autoeficácia dos pacientes, que, nesse caso, representa a capacidade de desempenhar ações para melhorar a própria saúde", explicou Lídia.

Motivação

O modelo de intervenção educativa adotado inclui estímulos frequentes para o autocuidado feitos por telefone e por meio de consultas presenciais de enfermagem, nas quais são distribuídos materiais didáticos com explicações simples sobre a doença ou condição e sobre os cuidados a serem realizados pelo paciente e por sua família.

O impacto da iniciativa está sendo avaliado em diversas teses em andamento.

Flávia Martinelli Pelegrino, por exemplo, acompanha portadores de cardiopatia submetidos à terapia anticoagulação oral.

Em comparação ao grupo controle, que recebeu o cuidado padrão da instituição de saúde, o grupo intervenção apresentou maior satisfação com o tratamento, melhor qualidade de vida e diminuição dos sintomas de depressão e ansiedade.

Laura Bacelar de Araújo Lourenço estudou o efeito da intervenção educativa em um grupo de pacientes com doença arterial coronariana. Os resultados indicam um aumento significativo - de 32% para 72% - na adesão ao tratamento entre aqueles que receberam o estímulo para o autocuidado.

Em outro projeto orientado, a estratégia foi testada em pacientes submetidos à angioplastia para colocação de stent (mola de aço usada para desobstruir a artéria e permitir o fluxo sanguíneo). No grupo que recebeu a intervenção, houve redução significativa dos sintomas de ansiedade em comparação ao grupo controle na avaliação feita seis meses após o procedimento. A pesquisa ainda está em andamento e os pacientes continuam sendo acompanhados.

"Os dados relacionados à intervenção realizada com pacientes queimados ainda estão sendo analisados. Nesse caso, além das escalas, utilizamos instrumentos para avaliar a elasticidade e a viscosidade da pele, o que permite mensurar indiretamente a adesão ao tratamento", disse Lídia.

De acordo com a pesquisadora, a próxima meta do grupo é identificar quais aspectos do modelo de intervenção mais contribuem para a melhora do estado de saúde das pessoas com condição crônica e apresentam melhor custo-benefício para o sistema de saúde.

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