14/05/2013

Farmacêuticas produzirão anticorpos monoclonais no Brasil

Com informações da Agência Fapesp

Duas empresas brasileiras, a Recepta Biopharma e a Cristália, ingressaram no seleto segmento de indústrias de biotecnologia aplicada à saúde humana que desenvolvem anticorpos monoclonais imunomoduladores (mAbs, na sigla em inglês).

A Recepta Biopharma, que produz moléculas para o tratamento do câncer, estabeleceu uma parceria com a indústria suíça 4-Antibody AG e com o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer para tanto.

Seguindo o mesmo caminho, a Cristália produz dois mAbs que entram agora em fase pré-clínica (de testes em animais).

Esse tipo de anticorpo se liga às células de defesa T e, com isso, destrava o sistema imunológico humano para que ele passe a reconhecer e atacar as células tumorais.

Segundo um artigo publicado na edição de março da revista Nature Biotechnology, além da 4-Antibody AG, as outras únicas empresas que desenvolvem imunomoduladores no mundo são GlaxoSmithKline (GSK), Medley e Bristol-Meyers Squibb.

"Estamos no início de nossa operação e pretendemos dar uma grande contribuição, em parceria com o Instituto Ludwig e a 4-Antibody AG, tanto em relação ao desenvolvimento de linhagens celulares para a produção de anticorpos como na condução de testes clínicos", disse José Fernando Perez, presidente da Recepta.

Política dos Genéricos

Segundo especialistas reunidos na Academia Brasileira de Ciências (ABC), a entrada da Recepta Biopharma e da Cristália no segmento de produtos biotecnológicos ilustra a mudança de foco e a importância que a inovação passou a ter para as indústrias farmacêuticas brasileiras nos últimos anos com o advento da política de medicamentos genéricos.

Implementada no Brasil no início dos anos 2000, a política de medicamentos genéricos teve o mérito de possibilitar que algumas indústrias farmacêuticas brasileiras crescessem exponencialmente e pudessem competir com as multinacionais, além de estimular a formação de profissionais para atender ao aumento da demanda do setor, afirmaram os palestrantes.

Por outro lado, ela gerou um enorme déficit na balança comercial brasileira - porque praticamente toda a produção de medicamentos genéricos é feita com insumos importados -, além de uma briga entre as empresas para aumentar suas participações nesse mercado.

"Começamos a melhorar nos últimos anos algumas moléculas conhecidas com o objetivo de aumentar nossa participação de mercado e nos tornarmos mais competitivos em outros segmentos de mercado, além dos genéricos", disse Pacheco, da Cristália.

Após seis anos de pesquisas, a empresa sintetizou o carbonato de iodenafila - princípio ativo do medicamento Helleva, lançado no final de 2007, e a quarta molécula usada hoje no mundo para o tratamento da disfunção erétil. As outras três são o citratro de sildenafila, utilizado no Viagra, da Pfizer; o tadalafila, princípio ativo do Ciallis, fabricado pela Eli Lilly; e o vardenafil, usado no Levitra, da Bayer.

A empresa sediada em Itapira, no interior de São Paulo, e detentora de 54 patentes também pretende inaugurar, até o fim deste ano, uma fábrica de princípios ativos oncológicos para produzir mAbs, outra de biofármacos e uma terceira de peptídeos. "Os dois mAbs que estamos desenvolvendo falam português com sotaque caipira", brincou Pacheco.

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