17/06/2008

Estudo que avalia fluência da fala é nova ferramenta para fonoaudiólogos

Naila Okita - Agência USP

Fluência da fala

Idosos com mais de 80 anos tendem a retornar à velocidade de fala da infância, mais lenta, enquanto que as rupturas de fala (interrupções, prolongamento de sílabas, interjeições, hesitações) não variam muito de uma idade para a outra, apesar de apresentarem diferenças se forem comparadas em pequenos grupos de acordo com a faixa etária ou a escolaridade.

Essas foram algumas das conclusões da fonoaudióloga Vanessa de Oliveira Martins, que analisou entrevistados de 2 a 99 anos para observar a fluência de pessoas sem problemas de fala (como a gagueira, por exemplo).

Fonoaudiologia e a Lingüística

A Fonoaudiologia e a Lingüística hoje estudam bastante os problemas, mas existem poucos estudos sobre as pessoas com fala fluente (com até 10% de interrupções no discurso). Segundo Vanessa, esse tipo de pesquisa auxilia no controle de terapias tanto para o fonoaudiólogo quanto para o próprio paciente, que terão padrões de normalidade nos quais se basear durante o tratamento.

Falando como criança

A pesquisa foi dividida em quatro estudos. No primeiro, foi analisado o perfil evolutivo ao longo da vida, para comparar as alterações da fala de acordo com as idades.

Observou-se que não ocorre uma variabilidade muito grande nas rupturas, apenas algumas alterações. Já a velocidade é menor na infância e vai aumentando gradativamente. Ocorre uma estabilização na fase adulta, entre 18 e 59 anos, e os idosos a partir dos 80 anos retornam à velocidade da infância, perdendo o equilíbrio adquirido - as causas ainda não foram totalmente estabelecidas.

Fluência dos adolescentes

O segundo estudo dedicou-se à fluência dos adolescentes. A fonoaudióloga percebeu que durante a adolescência, de 12 a 17 anos, há a diminuição de rupturas e o aumento na velocidade da fala, indicando que o amadurecimento dos processos motor e lingüístico exercem influência na comunicação oral da pessoa. "As interjeições são comuns em todas as idades, mas são mais presentes na primeira fase da adolescência (12 a 14 anos)", afirma Vanessa.

Já o terceiro estudo analisou a influência do nível de escolaridade na ocorrência de rupturas e na velocidade da fala. Foram pesquisados adultos com formações nos níveis fundamental, médio e superior.

Rupturas na fala

A velocidade não sofre muitas alterações, mas as rupturas sim. Adultos com nível fundamental apresentaram quase o dobro de interjeições e revisões (mudança no conteúdo ou forma gramatical da mensagem ou na pronúncia da palavra), consideradas disfluências comuns, em relação aos adultos com nível superior.

Já o prolongamento, considerado uma dificuldade de fala própria dos gagos, foi observado com maior recorrência em pessoas de formação superior. O prolongamento é quando se prolonga uma sílaba, por exemplo "maaaaaçã". No estudo, a disfluência ocorreu especialmente nos finais das palavras, e é considerada por alguns estudiosos apenas como um marcador de hesitação.

Os segundo e terceiros estudos analisaram também diferenças entre os gêneros, mas não se observou uma diferença significativa entre homens e mulheres.

Velocidade da fala

O último estudo, dividido em duas etapas, compreendeu a fluência dos idosos. A primeira etapa, que analisou as décadas de vida (60, 70, 80 e 90 anos), apresentou uma certa diminuição de velocidade na fala conforme o tempo de vida. No entanto, essa diferença foi melhor observada na segunda etapa, que consistia a separação do grupo entre idosos e idosos com mais de 80 anos. "Aí sim deu para observar um aumento de rupturas e a diminuição da velocidade da fala", conta a pesquisadora.

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