11/06/2008

Descoberta sugere cautela na expectativa de uso de células tronco

Lee Siegel
Descoberta sugere cautela na expectativa de uso de células tronco
Imagem ampliada do intestino de um camundongo com a parte superior deixada à esquerda. A cor azulada mostra os marcadores presentes nas células tronco estudadas, que só agiram nesta parte do intestino.
[Imagem: Eugenio Sangiorgi, University of Utah.]

Diferentes tipos de células tronco

Um único órgão pode conter mais do que um tipo de célula tronco adulta - uma descoberta que complica as esperanças de utilização das versáteis células tronco para substituir tecidos danificados por diversos tipos de doenças. A equipe que fez o estudo inclui o geneticista Mario Capecchi, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 2007.

Em uma reportagem publicada pelo periódico Nature Genetics, Capecchi e o geneticista Eugenio Sangiorgi relatam que, quando eles utilizaram um gene chamado Bm1i para marcar a presença de células tronco adultas nos intestinos de camundongos, eles ficaram surpresos ao encontrar as células específicas concentradas no terço superior do intestino da cobaia.

Isto indica que pelo menos um ou dois outros tipos de células tronco adultas devem existir para repara a terço intermediário e o terço inferior dos intestinos do camundongo.

Células não-diferenciadas

As células tronco adultas são células não-diferenciadas que podem se tornar qualquer tipo de célula no órgão onde elas residem. Os pesquisadores médicos esperam transplantar células tronco adultas para tratar várias doenças.

Exemplos de tratamentos esperados incluem a colocação de células tronco adultas no pâncreas para substituir as células produtoras de insulina danificadas, no coração para substituir as células do músculo cardíaco mortos por um ataque cardíaco e no cérebro, para substituir as células produtoras de dopamina danificadas em doentes com o Mal de Parkinson.

A nova descoberta "é importante porque as pessoas estão falando sobre terapias com células tronco adultas; elas querem se fiar nas células tronco para tratar doenças," diz Capecchi, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 2007.

Múltiplas populações de células tronco

"As pessoas sempre pensam sobre uma população de células tronco uniforme em cada órgão, mas agora nós estamos dizendo que há múltiplas populações de células tronco em um determinado órgão, de forma que, se você quiser partir para a terapia, terá que reconhecer essa complexidade," adiciona o Dr. Capecchi, atualmente professor da Universidade de Utah e pesquisador do Howard Hughes Medical Institute.

Sangiorgi, que está fazendo o seu pós-doutorado em genética humana, acrescenta: "Há provavelmente diferentes tipos de células tronco no pequeno intestino, fazendo coisas diferentes."

Alternativa às células tronco embrionárias

Se é necessário mais do que um tipo de célula tronco adulta para gerar o tecido do intestino, "não será surpresa ver que isto é verdade também para outros órgãos," diz Capecchi.

As células tronco adulta têm sido vistas como um alternativa às células tronco embrionárias, que podem se transformar em qualquer tipo de tecido no corpo - e não apenas em um determinado órgão - e são obtidas de óvulos fertilizados em laboratório e não utilizados pelos casais que fazem tratamentos para ter filhos. As células tronco embrionárias têm sido objeto de controvérsia porque os adversários do aborto consideram-nas como seres humanos, e não como um pequeno amontoado de células.

Células tronco intestinais

As células tronco intestinais estão entre as mais estudadas. Elas são necessárias para produzir novas células para o revestimento dos intestinos à medida que as mais velhas são descartadas em períodos de dois a cinco dias.

"É um ambiente infernal," diz Capecchi. "A comida está sendo jogada lá, e as enzimas quebram essa comida. Esta é a forma de manter o intestino intacto."

As células tronco intestinais dão origem a várias células no intestino delgado: células para absorver comida; células para secreta muco que torna o revestimento escorregadiço e protegido; células envolvidas na proteção do organismo contra bactérias e outros organismos patogênicos; e células que produzem substâncias envolvidas na comunicação intercelular.

Mas os pesquisadores têm tido problemas na identificação das células tronco para que elas possam ser estudadas.

"As células tronco adultas são uma gigantesca caixa-preta," diz Sangiorgi.

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