21/05/2008

Descoberta no cérebro a fonte biológica da ansiedade

Kathryn Wiley

Fobia social

Utilizando uma técnica de imageamento médico de última geração, pesquisadores conseguiram detectar diferenças bioquímicas no cérebro de indivíduos com ansiedade social generalizada (também conhecida como fobia social), fornecendo uma evidência de uma longamente suspeitada causa biológica dessa disfunção.

O cérebro dos pacientes pesquisados e dos voluntários foi escaneado por meio de uma técnica de imageamento chamada tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT, na sigla em inglês).

Serotonina e dopamina

O estudo, publicado no exemplar de Maio do Jornal de Medicina Nuclear, comparou as densidades de elementos presentes nos neurotransmissores serotonina e dopamina de 12 pessoas com diagnóstico de ansiedade social, mas que ainda não haviam tomado medicamentos para tratá-la, e de um grupo de controle de 12 pessoas sadias, que foram escolhidas para equivaler em sexo e idade aos pacientes com a disfunção.

Os dois grupos receberam uma injeção de um composto radioativo que se liga aos elementos dos sistemas de serotonina e dopamina do cérebro. Uma vez administrado, o contraste radioativo revelou alterações funcionais nesses sistemas por meio de medições feitas no tálamo, no cérebro intermediário, na ponte (que age sobre a serotonina) e no estriado (que age sobre a dopamina).

"Nosso estudo fornece uma evidência direta do envolvimento do sistema dopaminérgico do cérebro na ansiedade social em pacientes que não forma expostos anteriormente à medicação," afirma o Dr. van der Wee. "Ele demonstra que a ansiedade social tem um componente físico, baseado no cérebro."

Neurotransmissores

A serotonina e a dopamina (neurotransmissores, ou substâncias responsáveis pela transferência de sinais de um neurônio para outro) agem sobre receptores no cérebro. Se os neurotransmissores não estão balanceados, as mensagens não conseguem viajar através do cérebro de forma adequada. Isso pode alterar a forma como o cérebro reage a situações sociais normais, levando à ansiedade.

Ansiedade social

Baseados em estudos anteriores, alguns pesquisadores têm sugerido que a ansiedade social é resultado de uma interação entre uma vulnerabilidade biológica, genética ou adquirida, com o ambiente. Pesquisas mais recentes indicam que a ansiedade social pode estar relacionada a um desbalanceamento do neurotransmissor serotonina. Esta é a primeira vez que o sistema dopaminérgico foi examinado diretamente para essa questão.

"Embora esse estudo ainda não gere implicações diretas para o tratamento, ele é outra a evidência das anormalidades biológicas, que podem levar a novos enfoques terapêuticos e insights sobre as origens dessa disfunção," diz o Dr. van der Wee.

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