08/08/2012

Crianças criam estratégias próprias para enfrentar quimioterapia

Redação do Diário da Saúde
Crianças com câncer criam estratégias para enfrentar hospitalização
As crianças valorizam a existência de brinquedos próprios do hospital.
[Imagem: HCFMRP]

Jeito de criança

Crianças diagnosticadas com câncer constroem vínculos positivos com as equipes de saúde e mantêm o desejo e a disposição para realizar brincadeiras, mesmo após a descoberta da doença e durante o tratamento quimioterápico.

A pesquisadora Amanda Mota Pacciulio, da USP, mostrou que as crianças evidenciam aspectos saudáveis e desenvolvem estratégias para lidar com as adversidades do tratamento, como os efeitos da quimioterapia, por exemplo.

Amanda entrevistou crianças entre 7 e 12 anos, diagnosticadas com câncer, em tratamento de quimioterapia e hospitalizadas há pelo menos três meses no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.

As entrevistas foram realizadas individualmente com as crianças, na própria enfermaria em que se encontravam internadas.

Efeitos da quimioterapia

Entre os aspectos negativos do tratamento, as crianças citaram os efeitos colaterais da quimioterapia, como as náuseas e vômitos, além da perda do apetite, a fadiga, a queda dos cabelos e, ainda, a dor, essa causada principalmente pelos procedimentos invasivos.

A falta de apetite, diz Amanda, foi citada por apenas uma criança e, segundo esta, a inapetência desaparecia alguns dias após a infusão quimioterápica.

"Para enfrentar esse problema, as crianças e seus familiares desenvolveram algumas estratégias como, comprar alimentos em lanchonetes e restaurantes localizados nas dependências do hospital ou levar de casa a comida que mais agrada a criança", observa.

Brinquedotecas

A ociosidade imposta pela permanência no hospital foi outro fator negativo apontado pelas crianças. Nos depoimentos, elas dizem ficar cansadas por não ter o que fazer, mas valorizam a existência de brinquedos próprios do hospital.

"Sobre as áreas de lazer disponibilizadas para as crianças, elas gostam do parquinho e do jardim, no pátio externo, e da sala da classe hospitalar, onde é oferecida recreação, sendo disponibilizados alguns jogos e atividades gráficas", diz a pesquisadora.

"Entretanto, as crianças lembram que o fato de ficarem grande parte do tempo conectadas à bomba de infusão de quimioterápicos, limita o acesso a estes locais, o que ressalta a importância da existência de brinquedotecas, adaptadas ao contexto hospitalar."

"O trabalho desenvolvido pelos 'palhaços' da Companhia do Riso também foi citado como diferencial do hospital", conta a terapeuta ocupacional. "Elas entendem a importância do quimioterápico no tratamento do câncer, pareceram suportar com maior facilidade os seus efeitos colaterais e a necessidade das hospitalizações, por ter como objetivo final a cura".

Espiritualidade

Para a pesquisadora, o vínculo positivo e afetivo, entre pacientes e equipe de saúde, também contribuiu para o enfrentamento do processo de tratamento, assim como o uso de bonés, lenços, chapéus e peruca auxiliou no enfrentamento da queda do cabelo e de seus impactos negativos na autoestima e autoimagem das crianças.

A respeito da espiritualidade, Amanda relata que as crianças receberam influência religiosa de seus familiares e deles assimilaram o hábito de rezar.

"Independentemente do momento terapêutico no qual as crianças se encontrem ou de seu prognóstico, elas, em parte influenciadas pelos familiares que lhe transmitem suas crenças e valores, mantêm a esperança de cura como uma chama acesa, nutrida pela religião", destaca.

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