05/04/2016

Caixa de bebê criada na Finlândia espalha-se pelo mundo

Com informações da BBC
Caixa de bebê criada na Finlândia espalha-se pelo mundo
Em um dos países mais ricos e mais igualitários do planeta, a caixa de papelão é a primeira cama de todos os bebês, independentemente da renda da família.
[Imagem: Finish Baby Box Company]

Caixa-berço

Uma tradição que remonta à década de 1930 é considerada crucial para que a Finlândia tenha uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo: cada mãe, independentemente de sua origem, recebe gratuitamente uma caixa de papelão com presentes para seu bebê.

Ela contém produtos úteis para as primeiras semanas de vida do recém-nascido. Há roupas, inclusive um pijama para protegê-lo do inclemente frio do inverno, um gorro, alguns sapatinhos (tudo em cores neutras), além de fraldas, babadouros, produtos de banho, toalhas e um álbum fotográfico - e a própria caixa pode ser usado como o primeiro berço, pois vem com um pequeno colchão.

Virando negócio

Há três anos, uma reportagem da BBC sobre as caixas de papelão foi lida por milhões de pessoas e tornou-se viral na internet. E, agora, a ideia finlandesa está se disseminando no mundo, do México ao sul da Ásia, passando por países como África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

Em 2014, três pais finlandeses criaram uma empresa para distribuir estas caixas para clientes em diferentes países. Duas norte-americanas fizeram o mesmo. E existe uma empresa similar no Reino Unido.

E, em agosto do ano passado, o governo da Cidade do México colocou em prática o projeto "Cunas CDMX" (cunas significa "berço" em espanhol), inspirado no modelo finlandês. Seu objetivo era atingir 10 mil mães e acompanhar a gravidez daquelas com menos recursos financeiros para combater a mortalidade infantil.

"Buscamos gerar uma maior proteção para os bebês na Cidade do México, principalmente os que vivem na pobreza", diz Gamaliel Martínez Pachecho, diretor-geral dos Sistema para Desenvolvimento Integral da Família da capital mexicana, departamento encarregado do projeto.

Caixa de bebê criada na Finlândia espalha-se pelo mundo
Na África do Sul, a caixa de papelão foi substituída por uma caixa plástica que pode ser usada como banheira.
[Imagem: Thula Baba Box]

Caixa-banheira

Como a ideia é bastante simples e aparentemente eficaz, muitos outros profissionais de saúde e empreendedores sociais também querem desenvolvê-la e adaptá-la.

Com frequência, os produtos incluídos na caixa e a forma como ela é distribuída são adequados para problemas locais: desde prevenir infecções até tirar a criança da cama dos pais, onde há um risco de sofrerem asfixia.

Dois empreendedores sul-africanos - Ernst Hertzog, da organização Action Hero Ventures, e o executivo de marketing Frans de Villiers - concluíram, por exemplo, que uma caixa de plástico, que pudesse ser usada como banheira e não tanto como cama, era mais útil para as mães de seu país.

Mas seu objetivo principal ainda é, inclusive na Finlândia, incentivar as mães a comparecer às consultas de controle pré-natal.

De fato, um projeto-piloto realizado pela Universidade de Stellenbosch no ano passado descobriu que, na África do Sul, a caixa Thula Baba aumentava a frequência das mães nos exames pré-natais.

Esses controles reduzem, por exemplo, o risco de que uma mãe com HIV morra durante o parto e reduz as possibilidades de que o vírus seja transmitido para o bebê. De Villiers e Hertzog querem agora que o projeto seja ampliado e que um dia se torne um programa nacional.

"A caixa finlandesa foi um exemplo de design que mudou um país. Esperamos que, fazendo alguns ajustes, nosso produto tenha o mesmo impacto", diz Hertzog.

Caixa de bebê criada na Finlândia espalha-se pelo mundo
Na Índia, a caixa do bebê vem com mosquiteiro.
[Imagem: BBC]

Caixa com mosquiteiro

Por sua vez, uma estudante de doutorado da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, teve a ideia de adotar a caixa finlandesa para o sul da Ásia.

Karima Ladhani desenvolveu o projeto "Barakat Bundle" (barakat significa "benção" em alguns idiomas da região), que entrou em vigor em um hospital rural da Índia. A caixa tem ferramentas para prevenir infecções durante o parto ou pouco depois de se dar à luz e também inclui um mosquiteiro para proteger os bebês da malária.

"Queremos oferecer às novas mães soluções de baixo custo para salvar vidas ao combater as causas evitáveis de mortalidade infantil e materna", afirma Ladhani.

Caixa para bebês em países ricos

Há dezenas de projetos de caixas para bebês sendo desenvolvidos nos Estados Unidos. O maior será lançado neste ano em Fort Worth, no Estado do Texas, quando quatro hospitais da cidade começarão a entregar as caixas para reduzir a alta taxa de mortalidade local, de 71 a cada 1 mil nascimentos em 2013, acima da média nacional de 59 a cada 1 mil.

A previsão é que sejam entregues cerca de 36 mil caixas nos próximos dois anos. O objetivo é incentivar os pais a não dormir com os bebês na mesma cama.

"A comunidade não estava consciente de que a mortalidade infantil era um grande problema aqui", afirma Dyann Daley, porta-voz do hospital Cook Children's. "Ao entregar uma caixa a cada nascimento, damos aos bebês um lugar seguro para dormir, algo crucial para evitar a morte por asfixia."

Há projetos em curso também no Estado australiano de Vitória e na província canadense de Alberta. Karen Benzies, professora de Enfermagem da Universidade de Calgary, destaca que a intenção original era ajudar as famílias mais vulneráveis, mas seus organizadores se deram conta que "a ideia de vulnerabilidade para a maioria das pessoas se refere a alguém com uma renda baixa, algo que não se aplica necessariamente à realidade de Alberta".

Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Cuidados com o Recém-nascido

Gravidez

Higiene Pessoal

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.