01/02/2018

Bactérias benéficas do intestino alteram nossos genes

Redação do Diário da Saúde
Bactérias benéficas do intestino alteram nossos genes
Esta imagem mostra o revestimento do intestino grosso de um camundongo. O DNA está marcado em vermelho, com o marcador epigenético conhecido como crotonilação mostrado em verde. Em amarelo são áreas onde crotonilação e DNA são encontrados juntos. Sinais de bactérias intestinais podem alterar a quantidade de crotonilação no intestino e assim influenciar a atividade gênica.
[Imagem: Juri Kazakevych/Babraham Institute]

Bactérias que alteram o DNA

Uma equipe do Brasil (Unicamp e Unifesp), Itália e Reino Unido descobriu um mecanismo por meio do qual bactérias do intestino controlam nossos genes.

Isso mostra que as mensagens químicas das bactérias podem alterar marcadores químicos em todo o genoma humano.

Os sinalizadores químicos são produzidos quando as bactérias comensais - benéficas - ajudam a digerir frutas e vegetais.

Ao se comunicar desta maneira, as bactérias podem ajudar a combater infecções e até prevenir o câncer, afirmam Patrick Varga Weisz e seus colegas em um artigo publicado na revista Nature Communications.

Marcadores epigenéticos

A equipe internacional descobriu especificamente como compostos químicos produzidos por bactérias no intestino quando é feita a digestão de frutas e vegetais podem afetar genes nas células do revestimento intestinal. Essas moléculas, chamadas de ácidos graxos de cadeia curta, podem se mover das bactérias para dentro de nossas próprias células. Dentro das nossas células, eles desencadeiam processos que alteram a atividade genética que, em última análise, afetam a forma como nossas células se comportam.

Os ácidos graxos de cadeia curta aumentam o número de marcadores químicos em nossos genes chamados de crotonilações. As crotonilações só foram descobertas recentemente e são uma nova adição às anotações químicas no genoma que são coletivamente chamadas de marcadores epigenéticos.

A equipe demonstrou que os ácidos graxos de cadeia curta aumentam o número de crotonilações ao desativar uma proteína chamada HDAC2. Eles acreditam que as mudanças na crotonilação podem alterar a atividade dos genes ativando-os ou desativando-os.

"Nosso intestino é o lar de um sem-número de bactérias que ajudam na digestão de alimentos, como as fibras das plantas. Elas também atuam como uma barreira para as bactérias nocivas e educam nosso sistema imunológico. [O modo] como esses microrganismos afetam nossas células é uma parte fundamental desses processos. Nosso trabalho esclarece como os ácidos graxos de cadeia curta contribuem para a regulação de proteínas que empacotam o genoma e, portanto, afetam a atividade gênica," disse Patrick Weisz.

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