24/05/2016

Analgésico psicológico: Expectativas diminuem sensação de dor

Redação do Diário da Saúde
Analgésico psicológico: Expectativas alteram resistência à dor
As expectativas sobre os sexos são poderosas e podem ter impactos negativos: se as meninas ouvirem sempre que são piores em matemática, elas de fato tirarão notas mais baixas na matéria, ainda que, no geral, as meninas saem-se melhor na escola.
[Imagem: Katharina Schwarz]

A dor que posso suportar

"Você é muito menos sensível à dor do que os outros!"

Pessoas que ouvem essa simples afirmação tornam-se de fato capazes de suportar melhor a dor, conforme mostraram experimentos sobre o impacto das expectativas na sensação posterior de dor.

Que as expectativas têm um forte poder sobre as pessoas é bem evidenciado pelo efeito placebo: pacientes melhoram mesmo quando tomam comprimidos sem nenhum ingrediente ativo.

Mas, no caso do efeito placebo, os pacientes não estão cientes disso: eles acreditam firmemente que estão tomando uma droga eficaz.

Nestes novos experimentos, apenas as expectativas estavam em jogo, já que tudo se baseou em uma afirmação de comparação dita aos voluntários, uma espécie de placebo psicológico.

Analgésico psicológico

Primeiro os voluntários fizeram um teste para medir sua sensibilidade à dor, envolvendo o aquecimento de uma bandagem envolta em seu braço.

A seguir, eles ouviram duas teorias sobre a percepção da dor por homens e mulheres: um grupo ouviu que os homens podem suportar melhor a dor dado o seu antigo papel como caçadores; o outro grupo ouviu que as mulheres têm um limiar de dor mais elevado porque têm que suportar a dor de dar à luz.

Quando o experimento foi repetido, os participantes masculinos que ouviram que os homens eram menos sensíveis à dor suportaram um nível de calor muito mais intenso do que no dia anterior. Aqueles, porém, que haviam ouvido que as mulheres têm uma maior tolerância à dor, agora se consideraram mais sensíveis à dor do que antes.

Expectativas dos cientistas

"O efeito placebo muitas vezes funciona muito bem no tratamento da dor e da depressão," comenta a professora Katharina Schwarz, da Universidade Julius-Maximilians em Wurzburg (Alemanha). "E não são apenas sensações subjetivas do paciente, ele pode realmente ser medido fisiologicamente."

Ela acredita que estes resultados têm significado prático tanto para as terapias quanto para as pesquisas científicas: "Os cientistas também têm certas expectativas em seu trabalho. Se eles incorporarem essas expectativas no projeto dos testes e influenciarem os participantes nesse sentido - ainda que de boa-fé - os resultados podem ser distorcidos."

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