29/06/2012

Alergia a animais afeta um em cada seis trabalhadores de laboratórios

Com informações da Agência Fapesp

Sem proteção

Parece que não são só os animais de laboratório que sofrem com as pesquisas científicas.

Mais de 16% dos pesquisadores e funcionários que atuam em biotérios e laboratórios desenvolvem alergias às proteínas eliminadas na urina, na saliva ou nos pelos dos animais.

Embora a exposição constante a esses alérgenos coloque os trabalhadores em risco de desenvolver doenças como asma, apenas 19,4% usam máscara de proteção de forma rotineira.

Comparativo

Uma equipe da USP investigou 455 trabalhadores, entre funcionários, estagiários e estudantes de graduação e pós-graduação, que lidam diretamente com cinco espécies de animais: ratos, camundongos, cobaias, coelhos e hamsters.

"Para aumentar a abrangência do estudo foram incluídos voluntários que atuam nos laboratórios e biotérios da USP de Ribeirão Preto e também da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)", disse Elcio dos Santos Oliveira Vianna, coordenador do estudo.

Outros 387 trabalhadores dessas duas instituições foram recrutados para compor o grupo controle. "Nesse caso, escolhemos funções com baixa exposição a substâncias alergênicas, como as da área administrativa, motoristas e técnicos de informática", explicou Vianna.

Os cientistas submeteram voluntários dos dois grupos a testes cutâneos para ver quantos reagiam aos alérgenos mais comuns, como proteínas de ácaros, fungos, grama, cachorro, gato e barata. Em seguida, outro teste cutâneo foi feito com alérgenos dos cinco animais de laboratório.

Rinite e asma

No teste de alergia geral, o índice de sensibilização foi semelhante nos dois grupos.

Já no teste específico para animais de laboratório, o grupo exposto apresentou índice de 16,4% de sensibilização, enquanto o grupo controle apresentou índice de 3%.

"Esses 16,4% já se tornaram alérgicos a animais de laboratório e, quanto mais tempo continuarem se expondo a esse ambiente sem proteção adequada, mais forte essa reação vai se tornar. O primeiro passo é a rinite, mas o quadro pode eventualmente piorar para asma", disse Vianna.

As alergias respiratórias são as mais comuns nessas situações, pois as proteínas eliminadas pelos animais ficam suspensas no ar e são aspiradas pelos trabalhadores.

"Por isso o uso de máscaras é tão importante nesses casos, mas apenas 19,4% dos voluntários declararam fazer uso desse equipamento de proteção individual todas as vezes que manuseavam animais", disse Vianna.

Já o uso de luvas foi bem mais frequente: 78% disseram usar rotineiramente. Embora os equipamentos de proteção individual estivessem disponíveis em quase todos os laboratórios avaliados no estudo, apenas 20% dos voluntários disseram ter recebido orientação sobre a importância de usá-los.

Prevenção

"Um dos objetivos do nosso estudo é avaliar a necessidade de programas de prevenção nas universidades. No futuro, pretendemos propor algumas metodologias e testar se são eficazes", disse Vianna.

Na Alemanha, segundo o pesquisador, foi possível reduzir o índice de sensibilização a menos de 1% graças a programas de proteção individual e também ambiental.

Dados de uma pesquisa anterior coordenada por Vianna, publicada no periódico Occupational & Enviromental Medicine, apontaram que 4% dos jovens entre 23 e 25 anos de idade no Brasil têm quadro de asma relacionada ao trabalho.

"A prevalência de asma na população como um todo é de 10%. Vimos que 4% dos jovens adultos têm um quadro de asma que ou começou ou foi agravado no ambiente de trabalho. E 2,7% desenvolveram asma apenas por causa do trabalho", disse Vianna.

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