01/10/2011

Técnica brasileira permite estudo da infecção causadora da meningite

Redação do Diário da Saúde
Pesquisadores mimetizam ação de bactéria causadora da meningite
O estudo mostrou-se eficiente a ponto de permitir observar uma interação da bactéria com as células, abrindo caminho para o desenvolvimento de um kit de teste da barreira hematoencefálica humana.
[Imagem: Unicamp]

Barreira hematoencefálica

Brasileiros desenvolveram uma técnica que permitirá pela primeira vez o estudo da passagem de medicamentos e de patógenos pela barreira hematoencefálica.

Este é o caso, por exemplo, de doenças graves como a meningite e a septicemia.

O meningococo Neisseria meningitidis é uma bactéria comensal da nasofaringe humana.

Porém, algumas linhagens meningocócicas podem ultrapassar a mucosa respiratória e a barreira hematoencefálica, causando a meningite ou a septicemia, que é uma infecção generalizada do organismo por germes patológicos.

Mimetismo que gera patente

Agora, Rafaella Pereira e Marcelo Lancelotti, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), conseguiram mimetizar o processo fisiopatológico do meningococo e a barreira hematoencefálica.

Barreira hematoencefálica é a estrutura que protege o sistema nervoso central de substâncias químicas presentes no sangue, e processo fisiopatológico é o mecanismo que leva ao aparecimento de doenças.

Até agora todo medicamento projetado para passar essa barreira era testado em modelos com células CaCo2, de origem intestinal, diferentemente do novo modelo, que utiliza células as próprias células que compõem a barreira hematoencefálica.

O estudo mostrou-se eficiente a ponto de permitir observar uma interação da bactéria com as células, abrindo caminho para o desenvolvimento de um kit de teste da barreira hematoencefálica humana.

A Unicamp patenteou a descoberta e irá tentar colocá-la no mercado.

Vacina contra meningite

O grupo de pesquisa da Unicamp tem como objetivo o desenvolvimento de novos modelos vacinais contra a meningite. Os novos métodos fugiriam à regra por não se basear no uso de cápsulas de meningococo.

"Por exemplo, sou vacinado contra o meningococo do tipo C e tenho o tipo B na minha orofaringe. Outra pessoa que se aproxima apresenta tipo C. Ao conversarmos, trocamos gotículas de saliva e esses meningococos se encontram na nossa orofaringe. Eles trocam os genes da cápsula entre si e o meningococo que era C vira B e escapa da vacina", explica o professor Marcelo sobre a chamada troca genética da bactéria.

Ele acrescenta que ainda não se sabe por que algumas das bactérias causam meningite e outras não.

Quando não é fatal, as sequelas da meningite são severas e atingem principalmente células nervosas.

Entre as sequelas da meningite estão cegueira, surdez, perda de movimento, atrofia de um membro e pessoas com problemas de aprendizado severo.

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